Pelas cepas mas também pelas bichas Janeiro é suposto ser uma época de clima frio,…

Entrar em 25 de peito feito
E com produtos de muita qualidade
Com a selecção de hoje, vamos entrar com o pé direito. O tinto Zom é a expressão de um namoro antigo, aqui representado pelas duas castas que, cada vez com mais frequência, surgem lado a lado nos tintos do Douro. Desde os de gama média, como é este caso, até aos topos, mesmo os muito caros. Por um lado, a Touriga Francesa, ou Franca como ainda é chamada, é, historicamente, a casta emblemática da região e espinha dorsal dois vinhos do Porto; por outro, a Nacional ganhou, em 30 anos, o estatuto de protagonista e variedade omnipresente. Mérito dela e dos cientistas que, a partir dos anos 70, a estudaram e lhe deram brilho.
O vintage Guimaraens é um dos muitos vintages declarados em 2024. A declaração de um vintage, sempre sancionada pelo IVDP após prova da amostra, é sempre um momento importante para as empresas, sejam elas familiares ou de maior dimensão. Em relação aos outros tipos de Porto longamente envelhecidos em casco, o vintage tem a enorme vantagem de requerer pouco tempo de estágio, uma vez que, por lei, tem de ser engarrafado entre o 2º e o 3º ano após a vindima. Isto significa menos stock, menos empate de capital e recuperação mais rápida do investimento. É depois ao consumidor que cabe a tarefa do estágio: se gostar dele mais novo pode consumir, se preferir, pode conservar em cave. Para esta última opção será aconselhável ter uma cave fresca, com poucas ou nenhumas variações de temperatura e conservar as garrafas deitadas. Os vintages são o melhor cartão de visita para uma empresa de Vinho do Porto. Pelo menos assim foi durante muitos anos quando o “negócio” vintage estava muito colado às empresas inglesas e/ou a outras de origem estrangeira, enquanto as portuguesas eram mais famosas pelos tawnies e Colheita. Entretanto essa diferença esbateu-se e hoje temos bons produtos nas várias categorias, quer nos produtores portugueses quer de outra origem. Uma coisa é certa: anos que essas empresas inglesas declarem o vintage como clássico são uma bênção para todos: bons negócios, venda rápida do stock e prestígio acrescido, com a imprensa internacional em cima do acontecimento. É também por essa razão que, por meras razões mercantilistas digamos, não se declara clássico todos os anos. Esta conversa irrita particularmente as empresas que não ligam nenhuma a essa dicotomia clássico/não clássico mas…é a vida!
A aguardente velhíssima da quinta das Bágeiras corresponde ao néctar dos néctares de que a quinta dispõe. Com antiga tradição de destilação – tem alambique próprio – a produção teve durante muitos anos a assinatura de Rui Moura Alves. Este técnico bairradino, há poucos anos falecido, foi responsável por alguns dos bons vinhos e aguardentes da Bairrada. Embora a tradição aconselhe que uma boa aguardente incorpore lotes de idades diferentes, esta velhíssima é de 1989 e o envelhecimento foi feito em pequenos barris de 50 litros, colocados no sótão da adega, estando assim sujeitos a maiores variações térmicas. Diz o produtor que esta pequena dimensão dos cascos é muito importante para a qualidade final. Na adega existem cascos de dimensões bem maiores, de 500 ou 600 litros mas é nestes, em versão “menos é mais”, que nasce o topo de gama. Em 2025 será feito novo engarrafamento. É cara? Não, tem o preço justo!
Sugestões da semana:
(Os preços foram fornecidos pelos produtores)
Zom Reserva tinto 2021
Região: Douro
Produtor: Van Zeller Wine Collection
Castas: Touriga Nacional, Touriga Francesa e pequena percentagem de uvas de vinhas velhas.
Enologia: Álvaro Van Zeller
PVP: €11,50
A quinta fica no Douro Superior, perto da fronteira. Feito em inox com parte do vinho a estagiar em barrica nova e usada. 25 000 garrafas produzidas.
Dica: muito bem na cor e concentração, o Douro todo numa garrafa: sério, fácil, rústico e elegante. Tudo isto é possível? É, e a preço convidativo.
Porto Fonseca Guimaraens Vintage 2022
Região: Douro
Produtor: The Fladgate Partnership
Castas: várias em vinha velha
Enologia: equipa chefiada por David Guimaraens
PVP: €45
A Fonseca edita o seu vintage como Guimaraens nos anos considerados não clássicos. Nos melhores anos comercializa o seu vintage com o nome Fonseca. O Guimaraens (sempre muito bom) tem um preço bem mais acessível.
Dica: um Vintage novo onde a elegância e delicadeza marcam presença. Muito prazer a beber agora, idealmente com queijos secos ou azuis.
Quinta das Bágeiras Aguardente Velhíssima
Região: Bairrada
Produtor: Mário Sérgio Alves Nuno
Enologia: o produtor
PVP: €450 (garrafa de 0,50 l)
Com esta aguardente o produtor comemorou, em 2014, os 25 anos do seu projecto. Graduação alcoólica: 40º. Foram feitas 407 garrafas deste primeiro engarrafamento que resulta da selecção dos melhores barris. Em 2025 haverá novo engarrafamento.
Dica: enorme delicadeza e complexidade aromática, muitos frutos secos, especiarias e açúcar mascavado. Austera e rica na boca, com excelente presença e final muito longo.
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