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Ir além do vinho

Boas sugestões para o Verão

Hoje estamos num registo diferente, falamos de produtores mas não falamos de vinho. Também nos referimos a produtos de três regiões diferentes. Se começarmos de norte para sul, vamos reter a atenção no vermute que a casa Poças colocou no mercado. Prática antiga de algumas casas de Vinho do Porto (onde a Poças também se incluía), o vermute conheceu há alguns anos um renascimento, uma moda que veio substituir a «maluquice» do gin. Diz quem sabe que esta nova tendência pegou, «de estaca» em Espanha mas este movimento não foi seguido entre nós. Também por isso este vermute da Poças ganha mais interesse. A base com que é feito é o vinho do Porto branco, aromatizado depois com essências de ervas e frutas das quintas que a empresa tem no Douro. Clássica bebida de aperitivo, servido com gelo e uma folha de hortelã, é uma bebida refrescante e muito bem conseguida.
Na Bairrada, Mário Sérgio já fez um abafado com a casta Bical mas agora aposta na Baga: ao mosto que iniciou a fermentação adiciona-se aguardente, o que faz parar o processo fermentativo. Também se poderia ter adicionado a aguardente ainda antes de iniciada a fermentação mas, nesse caso, estaríamos a falar de jeropiga e não de abafado. Resulta moderadamente doce. Bebe-se sem mais acompanhamento, à temperatura ambiente ou levemente refrescado. Em prova cega pode dar resultados totalmente inesperados, como pude comprovar.
O medronho é, todos sabemos, uma bebida típica do sul do país, mais propriamente do Algarve. Mas não é só lá que existem medronheiros: encontram-se no Douro (a quinta do Bom Retiro tem uma significativa área de floresta de medronheiros onde, religiosamente, não toca…) e no Alentejo há quem aposte neste arbusto. A Herdade Vale d’Évora, perto de Mértola, plantou 23 ha de medronheiros em terrenos de azinheiras e em sequeiro, ou seja, sem rega; em 2023 terá a primeira colheita. Será destilado no Algarve e este produtor tenciona depois criar marca própria. Importantes no equilíbrio ambiental e na diversidade da fauna, os medronheiros foram também objecto de atenção na Herdade da Malhadinha Nova, incorporado no arvoredo que circunda as vinhas e também na Herdade Aldeia de Cima. Aqui foram seleccionados frutos, quer da própria herdade quer de outras vizinhas, em passagens sucessivas na apanha (mais verdes para destilar e mais maduros para compotas) e após o período de fermentação são destilados. Como aconselham as boas práticas da destilação, a cabeça (primeira parte da destilação) e a cauda (o final) não devem se incorporados no produto final tal como se apresentam mas podem sê-lo após nova destilação. Foi o caso aqui e produziram-se 500 litros, agora vendidos em garrafa de 0,5 l e com rolha especialmente produzida para esta garrafa. Muito límpido de aspecto, pode ser bebido à sobremesa quer à temperatura ambiente quer ligeiramente refrescado. Em cocktail, como sugere o produtor, com uma parte de medronho, duas de concentrado de ananás, gelo e hortelã. Soa bem.

Sugestões da semana:
(Os preços foram indicados pelos produtores)

Aldeia de Cima Aguardente de Medronho 2021
Região: Serra do Mendo – Vidigueira
Produtor: Luísa Amorim
Técnicos: Gonçalo Ramos (floresta), Jorge Alves e António Cavalheiro
PVP: €65 (garrafa 500 ml)
Medronho selvagem, dupla destilação em alambique de cobre, resulta com 48% de álcool e fizeram-se 1100 garrafas.
Dica: grande pureza aromática, com um lado frutado evidente, essências de farmácia e delicado na boca, macio e longo. Sentem-se bem os 48% de álcool.

Poças Soberbo Vermouth
Região: sem denominação mas feito no Douro
Produtor: Poças
Enologia: Jorge Pintão/André Barbosa
PVP: €16,50
Apresenta 18,5% de álcool e 112 gr/açúcar por litro.
Dica: um aperitivo de sucesso garantido, moderado no álcool e aromaticamente muito bem conseguido. Seguramente uma grande surpresa para quem não conhecer.

Quinta das Bágeiras Abafado 2004
Região: Bairrada
Produtor: Quinta das Bágeiras
Enologia: Mário Sérgio Nuno
Casta; Baga
PVP: €39
Cor de Porto branco velho, aroma de fruta madura, madeira muito bem inserida no conjunto. Fizeram-se 1100 garrafas. Este ainda está no mercado mas já há outro mais recente.
Dica: com 19% de álcool é um vinho a beber fresco, no final da refeição. Muito equilibrado e aromaticamente muito rico.

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