Pelas cepas mas também pelas bichas Janeiro é suposto ser uma época de clima frio,…

Mais desafios para o vinho
Novas regras, mais informação
Já não vai faltar muito para que as novas regras da rotulagem cheguem ao sector do vinho. A alteração mais significativa tem a ver com a indicação obrigatória dos constituintes do vinho. Já não vai chegar dizer que é branco ou tinto, que tem ou não sulfitos e que é adaptado a grávidas ou não. Também não será suficiente dizer que é bio ou que vegan friendly. Chegará em breve a regra que obrigará a que tudo o que for utilizado no vinho tenha de ser discriminado no rótulo, muito provavelmente no contra-rótulo. Faz sentido, já que o vinho não se pode colocar acima de outros produtos que são comercializados e a informação ao consumidor só pode assustar quem trabalha com pouco profissionalismo e idoneidade. E, convenhamos, os bolos que se vendem perto das caixas do supermercado, não se deixaram de vender por revelarem uma infinidade de ingredientes e produtos químicos, e mais conservantes e estabilizantes e vestígios disto e daquilo. Com a nova informação ficaremos com uma noção mais exacta do que é preciso adicionar ao vinho para que ele sobreviva mais de seis meses numa garrafa, para que não oxide ao virar da esquina e não azede sem que se dê por isso. Criado e educado pelo homem, o vinho herda séculos e séculos de cultura, de inovação, de paciência, de ciência e de experimentação. Sempre se soube que consumido em excesso dá muito mau resultado e que do consumo moderado não vem mais mal ao mundo do que outros consumos. A campanha anti-álcool tende a meter tudo no mesmo saco (bebidas com 13% de álcool e outras com 50%), algo que pode alegrar incautos mas não é sério. E juntar o cancro a esta equação também não ajuda porque não existe uma ligação directa álcool-cancro, tal como não existe do tabaco-cancro. Como sabemos pelas notícias recentes, até se chega aos 90 anos a fumar vários maços por dia…! E a prevalência do cancro entre as doenças que actualmente mais matam, não inclui só viciados, apanha todas as camadas da população. A diminuição generalizada do teor alcoólico do vinho, muito em voga actualmente, é o bom sinal mas não se acredite que isso fará com que jovens que bebem shots de vodka a 50º, passem a consumir tinto a 11º! O alcoolismo é um problema social em Portugal? É! Nas cidades, nas camadas mais jovens e no mundo rural em grupos etários mais elevados. A um viciado não se lhe pode pedir que consuma com moderação; por alguma razão é viciado. De tudo aquilo que ingerimos, sólidos e líquidos, não faltam produtos que, se consumidos em excesso, em vez de fazerem bem, fazem mal. Por isso a batalha pela moderação é a palavra de ordem que deverá ser colocada na ordem do dia. Precisamos do vinho? O vinho é um produto de primeira necessidade? Não! O vinho é um complemento civilizacional que herdámos dos nossos antepassados e que aprendemos a apreciar e valorizar. Pode-se viver sem vinho? Qualquer muçulmano nos dirá que sim mas a verdade é que…não é a mesma coisa! Há uma tendência fundamentalista e talibã em muitas destas campanhas que se juntam à actual tendência doentia do politicamente correcto. A nós, consumidores atentos e informados, resta-nos resistir. E se for com um copo de um vinho excelente, melhor ainda…
Sugestões da semana:
(Os preços foram indicados pelos produtores)
Bons Ares branco 2022
Região: Reg. Duriense
Produtor: Ramos Pinto
Castas: Sauvignon Blanc (45%), Rabigato e Viosinho
Enologia: João Luis Baptista
PVP: €12
Desde a primeira edição que este branco contempla aquela casta francesa e por isso é Regional e não DOC Douro. É branco para 10 ou mais anos.
Dica: por norma evolui muito bem em cave, mostra agora o seu lado de vegetal verde bem equilibrado com fruta citrina. Guloso e prazenteiro.
Santa Vitória Seleção tinto 2021
Região: Reg. Alentejano
Produtor: Casa Santa Vitória
Castas: Syrah e Cabernet Sauvignon
Enologia: Marta Maia
PVP: €7,50
Nascido no sul alentejano, este é um tinto que procura expressar juventude e frescura. Para isso só parcialmente estagiou em barrica usada. Pronto a beber.
Dica: combina bem o lado quente das notas vegetais secas, com a fruta madura sustentada por boa acidez. Perfil clássico, muito consensual mas precisa de temperatura de serviço nos 14º.
Termanthia tinto 2015
Região: Toro (Espanha)
Produtor: Bodega Numanthia
Casta: Tinta de Toro
PVP: €253 (Corte Ingles, Club del Gourmet)
Este é um dos grandes tintos de Espanha, vinhas de sequeiro com 120 anos. O vinho estagiou 22 meses em barrica, 80% novas. A segunda marca chama-se Numanthia.
Dica: cerrado na cor, notas de frutos negros, chocolate amargo, barrica de luxo. Um enorme tinto que continua fiel ao estilo inicial: poderoso e impressionante. Classe pura.
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