Dizer que temos uma garrafa em casa não chega Um dos vinhos que seleccionei esta…
Migrações vínicas não param
De norte para sul e vice-versa
Temos assistido recentemente a investimentos vários de produtores que resolveram alargar o seu campo de acção fora da sua região de origem (nem digo “zona de conforto” porque a palavra é inadequada à produção de uvas e vinho). Percebe-se que assim seja até porque novos investimentos são uma boa forma de dar bom uso aos lucros que, de outra forma, seriam canalizados para impostos ao Estado. É também curioso verificar que os produtores em causa começaram primeiro por se expandir na própria região, comprando mais quintas e parcelas e ganhando dimensão. É o caso da Casa Ermelinda Freitas, em Palmela onde começou com 60 e hoje tem 480 ha de vinhas. Após esta expansão “local” a casa adquiriu uma propriedade no Vinho Verde – Quinta do Minho – onde já fizeram 300 000 garrafas em 2018 e pouco depois no Douro, na zona de Foz Côa, a quinta de Canivães dispondo aí de 20 ha de vinha. Do Alentejo para os Verdes foi também a família Serrano Mira que no Alentejo detém a Herdade das Servas e adquiriu a Casa da Tapada – um solar muito bonito e classificado – com 12 ha de vinha. A quinta da Aveleda expandiu-se mais recentemente de norte para sul com um grande investimento no Algarve, na zona do Alvor, onde adquiriu a quinta agora rebaptizada como Villa Alvor. Ali, nos 85 ha de terra, há já planos para plantar 30 ha em três fases, aumentando os 14 que já controla, entre vinhas próprias e arrendadas. Ainda de norte para sul dois investimentos de monta: a família Symington saiu pela primeira vez do Douro e adquiriu uma enorme propriedade na serra de São Mamede (Portalegre) criando a marca Quinta da Fonte Souto cujos primeiros vinhos chegaram agora ao mercado. Numa área de terra de 207 ha estão já instalados 45 ha de vinhedos mas os projectos apontam para novas plantações. Espera-se que sejam respeitadas as castas tradicionais que fizeram a fama e a originalidade dos vinhos de Portalegre – Trincadeira, Aragonez, Alfrocheiro, Castelão e Grand Noir (no caso dos tintos) e se resista à tentação de plantar o que está na moda, a ubíqua Touriga Nacional e a Syrah, a tal variedade que é amiga do lavador porque produz sempre bem mas que não é para aqui chamada. A completar estas vigam Norte/Sul, Luisa Amorim que já detinha a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo (Douro) resolveu finalmente concretizar o sonho de plantar vinha numa propriedade que detinha no Alentejo – Herdade Aldeia de Cima -, na serra do Mendro, perto da Vidigueira. Ali, nos 2400 ha de terra de que dispõe serão para já plantados 20 ha até 2020 com a particularidade de se terem já plantado 14 ha em patamares à moda do Douro, com castas locais e tradicionais da região. Casta ausente: a Touriga Nacional. O mundo do vinho, por cá, está a mudar.
Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, foram fornecidos pelos produtores)
Villa Alvor Domus branco 2018
Região: Algarve
Produtor: Aveleda
Castas: Verdelho da Madeira, Arinto e Sauvignon Blanc
Enologia: Manuel Soares
PVP: €15
Depois da fermentação estagiou em barricas usadas. Branco moderno e aromático com notas tropicais.
Dica: grande frescura na boca diz-nos que estamos perante um vinho de Verão, amigo de peixes nobres e marisco.
Quinta da Fonte Souto tinto 2017
Região: Alentejo Portalegre
Produtor: Symington/Quinta a Fonte Souto
Castas: Alicante Bouschet, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Syrah e Alfrocheiro.
Enologia: Charles Symington/José Daniel Soares
PVP: €13
Um tinto onde a frescura da serra se faz notar, puro na fruta e elegante no corpo.
Dica: muito gastronómico, a consumir desde já. Prazer assegurado num tinto moderno muito bem feito.
Kopke rosé 2018
Região: Douro
Produtor: Sogevinus
Casta: Rufete
Enologia: Ricardo Macedo
PVP: €20
Edição limitada a 1404 garrafas. A casta é também conhecida pelo nome de Tinta Pinheira. Apresentação muito atractiva.
Dica: muito delicado, seco, elegante e perfeito para acompanhar a refeição.
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