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Voar sim, mas com bom vinho

Renovação dos menus e muitas novidades na TAP

A escolha dos vinhos para servir a bordo é, de há muito, um assunto tratado com imenso cuidado por diversas companhias aéreas. É que não basta servir bom vinho, por caro que seja, é preciso adaptá-lo às circunstâncias específicas da altitude. A experiência ensinou que algumas características dos vinhos, de quase todos os tipos, têm uma prova diferente em altitude ou em terra. Não são os vinhos que mudam mas sim a percepção que temos deles. Alterações na saliva e no pH, fruto da pressão atmosférica na cabine, fazem com que se tenha uma sensação nem sempre agradável do que se bebe. Foi por isso que, de novo, a TAP promoveu uma prova alargada de vinhos para seleccionar os que irá servir nos próximos anos. Para o efeito os produtores (124) enviaram 812 vinhos para prova, incluindo-se vinhos de categorias diversas como brancos, tintos, espumantes e generosos. Nos brancos foi feita uma categoria especial para Alvarinhos e Verdes e nos generosos provaram-se separadamente os moscatéis e o Vinho do Porto. Esta colaboração com a TAP pode revelar-se interessante para os produtores sobretudo porque dá imensa visibilidade, escoa quantidades significativas de vinho e pode traduzir-se em contrapartidas de viagens, algo em que os produtores estão cada vez mais interessados. A prova, após uma pré-selecção, decorreu em dois dias em Lisboa e no terceiro foi feita em altitude, a fim de aferir o comportamento em altitude de cruzeiro dos melhores provados em terra. Provadores eram dez, entre jornalistas, sommeliers e três convidados estrangeiros. Sabendo-se de antemão da pouca variação que têm os espumantes e os generosos, estes não foram levados no voo a Praga para as provas. Sobre os vinhos que provei ficaram-me algumas ideias: muito bons os Alvarinhos enviados, boa qualidade média dos brancos, o mesmo dos tintos. No capítulo dos generosos houve boas marcas enviadas, com alguns tawnies 10 anos, Ruby Reserva e L.B.V., o que só dignifica o Porto; os moscatéis também ficaram bem na foto. Já o mesmo não se pode dizer dos espumantes, uma vez que, ao lado de alguns que se portaram muito bem e depois se confirmou serem marcas consagradas (descodificação no final da prova), estavam outros que nem espumantes naturais eram, antes gaseificados de qualidade muito fraca. Em boa verdade não se percebe o que é que os produtores pretenderiam com estes vinhos, altamente desprestigiantes para o país caso fossem servidos a bordo. O assunto é sério e seguramente interessante para todo o sector já que a TAP serve 14 milhões de refeições/ano e utiliza mais de 1,2 milhões de garrafas de vinho português. Já não é a primeira vez que a empresa promove esta escolha mas desta vez há novidades bem atractivas: a encomenda por parte do passageiro de vinhos que provou a bordo, a criação de períodos temáticos (um ou dois meses) durante os quais produtores mais pequenos podem ver os seus vinhos a bordo, o que pode traduzir-se, por mero exemplo, no mês da Touriga Nacional ou do Encruzado, da Bairrada ou de Bucelas. Vai também haver uma formação para o pessoal de cabine para estarem aptos dar indicações básicas sobre os vinhos que estão a servir. Para criar os novos menus, o Chefe Vitor Sobral irá coordenar uma equipa que terá também alguns chefes de restaurantes com estrelas Michelin convidados e que proporão algumas receitas. Feitas as contas, parece-me (resultados finais ainda não há) que se confirmou o que a anterior selecção já nos tinha indicado: os vinhos brancos com madeira funcionam mal em altitude e os tintos com tanino mais evidente resultam ásperos e desagradáveis. No meio é que está a virtude, sugere-nos a TAP.

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