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Época de feiras e de arrumações

Há sempre decisões a tomar

Setembro e Outubro costumam ser momentos de feiras nos supermercados. É verdade que, até pela frequência com que acontecem ao longo do ano, estes certames perderam algum fascínio. Longe vai o tempo em que a principal feira, do Pingo Doce, era um marco importantíssimo, com produtores a aguardarem por ela para lançaram os seus topos de gama, de Barca Velha a Pêra-Manca, de Confradeiro a Quinta da Gaivosa. Recordo-me da correria a que alguns enófilos se obrigavam, de loja em loja, para poderem abastecer-se das quantidades que queriam. Hoje estamos noutro mundo, já não há topos de gama à espera das feiras para se darem a conhecer, mas isso não significa que estes eventos tenham perdido interesse. Antes de nos abalançarmos a compras atractivas das marcas que perseguimos há algum tempo, é conveniente arrumar a casa e encontrar espaço para as novas aquisições.

Tudo começa com um levantamento das existências caseiras, preferencialmente feito em folha Excel, com nome, data de colheita e quantidades dos vinhos que temos. Se possível, ao arrumar a cave, coloque na mesma zona todas as garrafas que devem ser consumidas prioritariamente onde, não esqueça, deverá incluir os rosés. Depois poderá arrumar as compras ou por região ou por produtor, conforme o gosto. Se por acaso pertence à família dos felizardos que têm um armário frigorífico para vinhos é bom que faça logo de início um registo correcto do que lá vai colocar. Eu tenho de 220 garrafas com dois blocos, à frente e atrás, com 5 filas de garrafas em altura em cada bloco. Imagine-se a dificuldade em encontrar uma garrafa nesta confusão! No meu caso (haverá, quem sabe, outro método…) fiz o seguinte e registei: prateleira 1 (de cima), bloco de trás, linha 1 (até linha 5), da direita para a esquerda. Desta forma eu sei exactamente onde está a garrafa que procuro. Tive o cuidado de colocar nos blocos de trás, em todas a prateleiras, as garrafas que beneficiarão de mais tempo de espera até serem consumidas. Para o registo ficar mais preciso, se calha a ter mais de uma garrafa numa fila, coloco à frente do nome a quantidade. Por exemplo: Barca Velha (4) ou outro…!

Já nos vinhos a comprar nas feiras, a melhor opção é dispersar por estilos e por regiões. Ainda que exista quem só beba branco ou só tinto, que não goste de generosos ou vire a cara a espumantes, a verdade é que (eu assim faria) é bom ter um leque amplo para todas as ocasiões e todos os paring possíveis. Pode parecer algo exagerado mas não é: temos em Portugal muito bons vinhos em todas as regiões, claro que umas estão mais fashion do que outras, há produtores que se movimentam melhor na relação com os consumidores, há empresas em ascensão e outras que não vêem futuro risonho, mas continuamos a ver nascer novas marcas todos os dias. Uma das grandes melhorias técnicas que os vinhos tiveram nos últimos anos foi a generalização das rolhas de aglomerado de cortiça, evitando assim, em definitivo, o problema do cheiro a rolha. Há mesmo rolhas que prevêem o tempo de duração do vinho, conservando a qualidade. Observe a rolha e verá que algumas indicam a validade: 5, 10 anos, por exemplo. É uma boa segurança. E, não esquecer, os últimos rosés que tiver em casa deverão acompanhar as castanhas nos petiscos de Outono.

Sugestões da semana:
(Os preços foram fornecidos pelos produtores)

Borges Gouveio Cota 300 branco 2024
Região: Douro
Produtor: Soc. Vinhos Borges
Casta: Gouveio
Enologia: Fábio Maravilha
PVP: €17,90
Fermenta em inox e estagia sobre as borras finas durante 6 meses. A casta pode a partir de agora chamar-se também Godelho, que é o nome que tem em Espanha. 6000 garrafas produzidas.
Dica: muito boa proporção de conjunto, os citrinos espevitam-se com a acidez; delicadeza com volume é a nota principal. Muito gastronómico.

Ameal Reserva branco 2023
Região: Vinho Verde
Produtor: Quinta do Ameal
Casta: Loureiro
Enologia: equipa dirigida por José Luis M. Silva
PVP: €25
A quinta, no Vale do Lima, tem 30 ha, dos quais 14 de vinha da casta Loureiro. A quinta pertence hoje ao Esporão.
Dica: citrino dourado na cor, fruta madura servida por excelente acidez, um Verde no seu melhor momento de prova, não precisa de mais cave. Carnes brancas e peixes de forno serão bons companheiros.

Havendo Tempo tinto 2021
Região: Alentejo
Produtor: Adega Coop. Borba
Casta: Alicante Bouschet, Trincadeira e Alfrocheiro
Enologia: Óscar Gato
PVP: €35
Vinho comemorativo (também em branco) dos 70 anos da Adega Cooperativa. O vinho estagiou 18 meses em carvalho francês e americano. Graduação de 14,5% álcool.
Dica: o trio de castas dá mostras de bom entendimento, o vinho tem volume e estrutura mas sem perder alguma elegância de conjunto. Tinto de meia-estação, para assados de forno.

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