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Vamos pedir ao Irão?

Os drones não servem só para a guerra

O drone tem sido um dos gadgets mais divulgados e apreciados nos últimos anos, quer por amadores – das brincadeiras familiares até à espionagem da vizinha da casa da frente(!) – até profissionais, como os fotógrafos e cineastas que já não dispensam a utilização dos drones como auxiliares de trabalho. Desde há muitos anos que a agricultura se debate com alguns problemas que agora o drone vem ajudar a resolver. Vejamos um exemplo, simples e mais frequente do que se desejaria: uma chuvada intensa, vinha alagada, impossível entrar com o tractor.

Há que fazer tratamentos? Se a área for pequena ainda se pode equacionar fazer o serviço com um pulverizador às costas, à moda antiga mas, se a área for muito grande, torna-se um enorme problema, algo que agora o drone vai ajudar. O mesmo se passa em parcelas localizadas em encostas muito íngremes (como no Mosela – Alemanha, por exemplo) e nem todos têm recursos para contratar helicópteros para o efeito; mais uma vez o drone surge como solução. Entre nós já se vai começando a generalizar o seu uso e não só para tratamentos; cada vez mais é usado para fotografias de precisão que vão determinar, com grande minúcia, o estado de maturação desta ou daquela parcela e, até dentro da mesma parcela, é agora possível estabelecer as prioridades de vindima. Fernando Alves, membro da Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), e técnico de viticultura da Symington, reconhece que tem crescido o uso destes aparelhos mas há regulamentação necessária que ainda não está feita.

Cremos que é uma questão de tempo e é um caso óbvio em que os avanços técnicos estão mais à frente do que a legislação. O uso requer regras até porque as virtualidades do aparelho são cada vez mais amplas, desde a altitude a que pode chegar (2 000 metros) com perigo de interferência com outros meios aéreos, e distância – alguns, mesmo de porte caseiro, podem chegar até 7 km – tudo isto além da protecção da privacidade. Se nos ficarmos apenas na agricultura, é óbvio que os benefícios podem ser enormes; o uso, quer em França quer na Suíça, por exemplo, já começa a generalizar-se mas com atenção aos riscos que este tipo de pulverização pode ter para os humanos, nomeadamente crianças, atendendo à altura (em relação ao solo) a que a aspersão é feita.

O uso de drones está assim sujeito a certificação que, em terras helvéticas, se começou a fazer a partir de 2018, permitindo um uso com controle electrónico e precisão ao centímetro. Ente nós, a Symington começou a entrar neste “mundo” em 2017, numa parceria com a empresa SpinWorks, que desenvolveu a aplicação mapp.it. Fernando Alves afirma que o tema está a interessar cada vez mais empresas. Há assim um campo aberto para firmas fabricantes de drones (concorrentes do Irão, está bom de ver…) e que podem ajudar, não a destruir nem a alimentar belicismos, mas a tornar melhores as uvas que se colhem. Mas, apesar de toda esta trabalheira, há que não esquecer de escrever no contra-rótulo: vinho com pouca intervenção. Há imensas mentes que vão suspirar de alívio e ter um sono tranquilo como os bebés.

Sugestões da semana:
(Os preços foram fornecidos pelos produtores)

Howard’s Folly Reserva branco 2022
Região: Alentejo
Produtor: Hill Valley Limited
Castas: field blend de uvas da serra de São Mamede
Enologia: David Baverstock
PVP: €26
A adega deste produtor fica em Estremoz e integra um restaurante e centro artístico. O mosto fermentou em barrica e ovo de cimento. Posteriormente estagiou em madeira e, de novo, cimento. 4000 garrafas produzidas.
Dica: perfeita combinação de notas de madeira, fruta madura e uma enorme frescura ácida. O resultado é entusiasmante.

Raposeira Espumante Super Reserva Bruto 2019
Região: s/ indicação de origem
Produtor: Caves da Raposeira
Castas: Malvasia Fina e Cerceal
Enologia: Marta Lourenço
PVP: €13
Esta gama de espumantes estagia em média 5 anos em cave antes do dégorgement. Como usa uvas de Távora-Varosa e Douro, não tem Denominação de Origem.
Dica: é um todo-o-terreno, capaz de se apresentar como aperitivo e acabar a acompanhar toda a refeição. Boa relação qualidade/preço.

Valle Pradinhos Grande Reserva tinto 2020
Região: Reg. Transmontano
Produtor: Maria Antónia Pinto Azevedo
Castas: Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional
Enologia: Rui Cunha
PVP: €52
Marca emblemática da região que, nos tintos, há mais 50 anos que combina o Cabernet com castas nacionais. Muito famoso é também o branco, já aqui referenciado.
Dica: muito estruturado, ainda fechado nos aromas, afirmativo no palato, a mostrar que este dueto de castas está “condenado” ao sucesso. Será sempre uma boa escolha.

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