E, se recuarmos muito, só paramos na Bíblia Acontece com frequência. Temos tendência a pensar…
KOPKE abre o baú
E mostra velharias com 100 anos
A Kopke, empresa de Vinho do Porto fundada em 1638 e que pertence ao grupo Sogevinus, acaba de apresentar um conjunto muito original de três vinhos velhos que tinha em cave. Um deles, o Very Very Old enquadra-se na nova categoria de Vinho do Porto (com média de idade mais de 80 anos) e que muitas firmas estão a abraçar, tirando partido dos vinhos velhos de que dispõem. O trio – uma caixa com três meias garrafas – é completado com um Vermute e um Quinado, ambos com perto de 100 anos de casco. Estes são, ainda que produtos marginais ao core business, produtos muito originais porque não é habitual provar, e até saber da existência, de um Vermute com 100 anos e um Quinado com essa mesma idade. O Quinado foi um tipo de vinho que era muito consumido em climas quentes (África e Brasil) porque incluía quinino (daí o nome) bebido por isso como preventivo da malária. Era também apreciado como aperitivo, servido bem fresco. O Vermute chegou a ter, em tempos idos, alguma adesão de casas do Vinho do Porto que aromatizavam o vinho base mas que, por isso, não podiam utilizar a designação Vinho do Porto. Provámos recentemente o Vermute feito pela Poças – Soberbo – , um vinho muitíssimo curioso e com um preço verdadeiramente convidativo, abaixo dos €20. A moda recente dos vermutes não pegou em Portugal, ao contrário do que aconteceu na vizinha Espanha. É sempre uma bebida de aperitivo, para ser servida bem fresca. Este Vermute agora apresentado terá sido feito no início do séc. XX mas dizem-nos que não foi possível descobrir a receita nos livros antigos da empresa. O vinho foi envelhecido já com os botânicos e isso, confirma o enólogo, faz toda a diferença, ainda que com o tempo esses botânicos percam a expressão mais evidente que lhe esteve na base (flores, frutos, especiarias). Tradicionalmente os botânicos eram adicionados logo a seguir à vindima e depois o vinho seguia para casco. Quer o quinado quer o vermute não são replicáveis e é também por isso que são agora disponibilizados em pequenas garrafas que ostentam um rótulo que é, também ele, réplica de outros antigos.
O Vermute surge-nos com notas muito interessantes de casca de laranja, de flores, é um vinho guloso na boca, com acidez volátil elevada mas que não prejudica em nada o vinho, tem uma doçura equilibrada e um final muito longo. O Quinado, também nascido no início do séc. XX, é um vinho mais misterioso porque menos óbvio, aroma medicinal, com presença de especiarias, melado e untuoso na boca mas muito equilibrado, com o toque amargo que lhe é característico. O Porto Very Very Old, vinho de lote onde o mais antigo é de 1890 e o mais recente de 1937, poderá vir mais tarde a ser comercializado isoladamente, tal como acontece com outras marcas desta categoria que já estão no mercado. Com o consumo em baixa, muitas casas do sector estão a apostar em produtos exclusivos, originais e muito caros que valorizem os stocks de que dispõem A embalagem agora apresentada inclui, além das três meias garrafas, um tinteiro e um aparo em prata para que se escreva no mesmo ambiente que existia à data da produção. A caixa, verdadeiro objecto de colecção de que se fizeram pouco mais de 300 embalagens, tem um custo que rondará os €3000. A Sogevinus engloba, além da Kopke, as marcas Barros, Cálem e Burmester, comercializando quer vinhos do Porto quer vinhos DOC Douro, tendo nas quintas de S. Luiz (Cima Corgo) e Arnozelo (Douro Superior) as suas propriedades mais emblemáticas.
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