Para gostos diferentes, há de tudo Os três vinhos sugeridos hoje são do Alentejo. Houve…

As enigmáticas duas letras do Champagne
Se tiver uma lupa, ajuda…
Os vinhos que hoje seleccionei são todos da região de Champagne e todos se vendem por cá. Nunca é demais recordar que qualquer vinho espumante feito fora daquela região francesa não deve ser apelidado de champanhe. A região é prolífica em marcas; conhecemos algumas porque já provámos, outras que ouvimos falar e já vimos os rótulos, mas há uma imensidão de marcas que não imaginamos de onde vêm. A razão de ser de tanta marca é o assunto desta crónica. Todas as garrafas de Champagne indicam, através de uma sigla com duas letras, o tipo de produtor/empresa que comercializa o produto. Como se vê na sugestão da semana, à frente do nome do produtor de cada vinho que sugiro, vêm 2 letras e são elas que identificam a casa. Escolhi três produtores com designações diferentes, entre as sete possíveis, que são: NM – Négociant Manipulant; RM – Récoltant Manipulant; CM – Coopérative de Manipulation; RC – Récoltant Coopérateur; SR – Societé de Récoltants; ND – Négociant Distributeur e MA – Marque d’Acheteur.
Quase todas as grandes marcas que conhecemos e já provámos entram na categoria NM – empresas que compram uvas aos lavradores e comercializam com as suas marcas, do Moët & Chandon à Veuve Cliqquot e todas as outras; os RM são os produtores/engarrafadores que comercializam os vinhos com a sua marca e feitos com as suas uvas, como Eric Rodez; as adegas cooperativas (cerca de 100 na região) comercializam os vinhos feitos com as uvas dos seus cooperantes. São verdadeiros gigantes – como a Nicolas Feuillatte – que, após a criação da empresa em 1972, lançou em 1976 esta marca emblemática; hoje abrange 5000 viticultores, é a marca mais vendida em França e a 3ª no mundo, com 10 milhões de garrafas. Há cooperativas com nomes sonantes, como Devaux, Collet ou Castelnau, entre inúmeras outras. A marca Palmer foi criada em 1947 por 7 famílias e, ainda que incluída na designação CM, não é uma adega cooperativa. A sigla RC corresponde a uma «fórmula» bem interessante: o produtor entrega as uvas na cooperativa e recebe vinho engarrafado para poder fazer ele o estágio e dégorgement, podendo posteriormente comercializar com a sua marca própria. É este modelo que faz o número de marcas no mercado disparar para, dizem-me, mais de 3000, nomes para nós desconhecidos. As grandes superfícies que comercializam champanhe de marca própria entram na categoria MA. A sigla SR identifica um conjunto de produtores que usam a mesma adega para fazer cada um o seu vinho com a sua marca; os que têm a sigla ND identificam um distribuidor que não vinifica (compra já feito) e apenas distribui vinho com a sua marca. Um particular pode também adquirir garrafas de vinho pronto numa cooperativa para posteriormente comercializar com a sua marca. Há alguns preceitos legais a cumprir (tem de estar inscrito como comprador) mas não é complicado e a garrafa indicará: produzido por X para Y (nome do comprador). Um champanhe com o meu nome? Olha, se calhar não ficava mal…
E vamos lá comemorar a vida que o ambiente anda muito toldado.
Sugestões da semana:
(Os preços foram indicados pelos importadores)
Champagne André Clouet Un Jour de 1911 Brut
Região: Champagne (França)
Produtor: André Clouet – NM
Importador: Direct Wine/Heritage Wines
Casta: Pinot Noir
PVP: €96,90
As origens da empresa remontam a 1741, sendo dirigida pelos descendentes da mesma família. O vinho, feito com uvas da zona de Bouzy, estagiou sobre borras por 150 meses.
Dica: toda a paleta de aromas clássicos, com muita nota de brioche, envolvente, macio e de acidez perfeita. Quando se vai a ver, a garrafa está vazia…
Champagne Palmer & Co Grands Terroirs Brut 2015
Região: Champagne (França)
Produtor: Palmer & Co – CM
Importador: Direct Wine/Heritage Wines
Castas: Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay
PVP: €92,25
Nesta cuvée entram vinhos de parcelas Grand e Premier Cru da Montagne de Reims, uma das zonas mãos nobres da região. Grands Terroirs só se produz nos melhores anos.
Dica: muito boa complexidade, aromas que vão das flores à fruta branca, com boa estrutura, revelando toda a riqueza dos melhores terroirs da região.
Champagne Eric Rodez Blanc de Blancs Brut
Região: Champagne (França)
Produtor: Champagne Rodez – RM
Importador: Decante
Casta: 100% Chardonnay (por isso se chama branco de brancas)
PVP: €75
As uvas têm origem em Ambonnay, umas das mais famosas zonas da região. O lote inclui 25% da colheita de 2016, 16% de 2015, 17% de 2014 e 42% de colheitas anteriores. Assemblage em cuba (15%) e barrica.
Dica: muito fino de bolha, muito elegante na fruta, um champanhe que se presta a ser grande companheiro para pratos delicados de peixe ou canapés.
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