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Trabalhar para a inclusão

Mas sem cedências…

Em tempo de visita papal, a palavra que mais se ouviu foi inclusão. Aqueles milhares e milhares de pessoas todos queriam incluir, tudo contra a exclusão. É uma boa ideia e, num espírito que se poderia dizer verdadeiramente cristão, temos de dar a mão aos que ainda não entenderam que o vinho faz parte da vida e que, sem ele, a dita vida tem muito menos graça. Assim sendo, o nosso estado de espírito sobre o tema pode dividir-se me 4 parâmetros. Vejamos:

Aplaudir:

Todos os que já abandonaram a ideia que os vinhos rosés são de segunda classe e perceberam que actualmente são muito mais bem feitos, muito mais frescos e gastronómicos do que outrora. E que, com a diversidade que temos no mercado, podemos encontrar um rosé para qualquer momento, desde bebida de convívio na esplanada até companheiro à mesa para peixe e marisco. Aplaudir ainda todos os que já se deixaram converter ao Porto tónico, a tal bebida de verão com muito menos álcool que o Gin. Não é a mesma coisa (gosto muito de gin tónico…) mas pode ser uma alternativa a quem quer algo pouco alcoólico;

Aceitar:

Que existam alguns consumidores que preferem sempre tinto ou sempre branco em qualquer circunstância, tipo regra que tem de ser seguida. Este grupo é difícil de moldar pelo que nos é exigida muita paciência e tolerância para explicar que, com um robalo ao sal, o vinho branco liga muito melhor e que umas gambas do Algarve com umas tostinhas com maionese não ficam nada bem com tinto, por exemplo.

Tolerar:

Neste caso com muitas reticências, os consumidores que acham que vinho só do Douro ou tintos só da Bairrada ou só do Alentejo ou de uma outra qualquer região. Por norma esta teimosia tem duas razões: por um lado, pode existir um laço familiar e tradicional que faz com que os vinhos de determinada região sejam os preferidos; por outro, há uns teimosos empedernidos que, ou por trabalharem numa região, ou por terem um cargo importante numa empresa de uma região se sentem compelidos a beber sempre a mesma coisa. O verdadeiro apreciador é por natureza infiel! Tolerar ainda os que preferem o espumante tinto ao branco, algo que é difícil de entender. O tinto (produzido em menor quantidade que o branco) tem, pontualmente, um lugar à mesa mas…sempre tinto? Nem pensar…

Recusar:

Sem apelo nem agravo, os que acham que o tinto se bebe à temperatura ambiente e o branco «estupidamente gelado». Por mais que se explique que não há temperatura ambiente mas sim temperatura certa, os tinhosos não desarmam. E, por fim, recusar em absoluto beber vinho em maus copos, algo que desvirtua o prazer da bebida e o convívio entre apreciadores. Ah e tal «partem-se muito» ou «os bons são caros» não é justificação aceitável. Não há bons copos? Olhe, para mim era uma imperial, por favor…!

A inclusão tem limites…

Sugestões da semana:             

(Os preços foram indicados pelos produtores)

Quinta do Paral branco 2021

Região: Alentejo (Vidigueira)

Produtor: Herdade Tinto e Branco

Castas: Vermentino, Viognier, Verdelho e Antão Vaz

Enologia: Luis Morgado Leão

PVP: €9,70

A Vermentino é uma casta cultivada sobretudo em Itália, na Córsega e Sardenha. Este é, assim, um lote de castas multinacional, onde também cabe a francesa Viognier, a «nossa» Antão Vaz e a ibérica Verdelho.

Dica: carregado na cor, maduro no aroma, a sugerir intencional nota oxidativa, é branco que facilmente substitui um tinto na refeição. Para pratos de carne ou caldeirada.

Quinta das Cerejeiras rosé 2022

Região: Reg. Lisboa

Produtor: Comp. Agr. do Sanguinhal

Castas: Castelão e Moscatel Roxo

Enologia: Miguel Móteo

PVP: €20

A presença do Moscatel Roxo faz com que o vinho resulte fresco e muito consensual. Nesta marca, e com rótulo do mesmo design, há um tinto (o «clássico» desta marca…) e um branco.

Dica: é um rosé muito equilibrado que tanto pode ser servido como aperitivo como à mesa.

Ravasqueira Touriga Franca tinto 2019

Região: Reg. Alentejano

Produtor: Soc. Agr. Dom Diniz

Casta: Touriga Franca

Enologia: David Baverstock/Vasco Rosa Santos

PVP: €15

Deste tinto, estagiado 18 meses em barrica nova e usada, fizeram-se 5 000 garrafas.

Dica: um belíssimo tinto a preço convidativo, para carnes de forno ou de grelha. Grande equilíbrio, muita afinação. Será uma excelente aposta.

 

 

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