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Alvarinho a ditar cartas

E a Galiza ali tão perto

Os vinhos Monção e Melgaço gozam hoje de grande prestígio, à conta da casta que, agora, é a rainha da região, a Alvarinho. Digo agora porque nem sempre foi assim. A fama dos vinhos desta zona remonta ao final da Idade Média e, até aos anos 30 do séc. XX, sempre foram os vinhos tintos que lhe deram notoriedade. Não os Verdes tintos que conhecemos noutras zonas dos Verdes, como Amarante ou Ponte da Barca (aí dominados pela casta Vinhão) mas sim pela combinação de outras castas como Alvarelhão, Brancelho, Cainho tinto, Burraçal, Pedral ou Picalpolho, que geravam vinhos tintos mas abertos de cor, muito longe dos vinhos muito corados feitos com Vinhão. Hoje a história é outra e é à conta da Alvarinho que subiram os preços, quer da terra quer da uva. Hoje, se quiser comprar 1 hectare de vinha Alvarinho em produção é bom que conte com valores a rondar os €100 000; e se, o tal hectare, estiver bem localizado, mesmo que não tenha vinha poderá custar €40 000. A uva, essa, é a mais bem paga do país, ultrapassando frequentemente o €1 por quilo. Esse é o preço que por cá se paga porque em anos em que há falta de uva do lado de lá do rio, os galegos vêm comprá-la cá e pagam €1,60 por quilo. Esse negócio nada tem de ilegal e pode-se fazer com autorização da CVR dos Vinhos Verdes. A região tem tudo para brilhar e para progredir, uma vez que é uma diminuta parte das uvas colhidas que acaba num varietal de Alvarinho engarrafado e vendido como tal. Fala-se em quantidades entre os 15 e os 25% o que é manifestamente pouco face ao que se produz. Por falar em produção, a vinha é aqui generosa e as quantidades por hectare podem chegas às 10 toneladas/ha, um rendimento que os produtores do Douro nem em sonhos podem atingir. Percebe-se assim que a vinha é rentável, que produzir uvas pode valer a pena e que diversificar a produção pode ser uma boa opção. Isso tem vindo a acontecer nos últimos anos com a produção de espumante; há muitos produtores que já o fazem mas as quantidades são diminutas e nas duas feiras regionais – em Monção e em Melgaço – as 3 ou 4000 garrafas produzidas por cada produtor voam, literalmente, vendidas aos visitantes. Esses dois eventos anuais, pela loucura de gente que atraem, são de resto um excelente momento para escoar o vinho (pago na hora e em cash…). Por isso já ouvimos produtores dizerem frases como «faço aqui o dinheiro que me chega para pagar a vindima!» É também por essa razão que não é fácil encontrar espumantes de Alvarinho no mercado. A restante produção dilui-se em vinhos de lote, com Trajadura ou Loureiro (de que os 3 milhões de garrafas de Muralhas são um exemplo), é vendida a empresas de fora da região que também comercializam brancos de Monção e Melgaço (de que a Sogrape é apenas um exemplo). Também é verdade que há marcas de Alvarinho de grandes superfícies a preços ridículos; basta ir ao supermercado e ver. Prestigiar a região é puxar os preços para cima, não para baixo. E os nuestros hermanos estão à coca, que não têm vinho para as encomendas…

Casa de Santar Vinha dos Amores Encruzado branco 2017
Região: Dão
Produtor: Global Wines
Casta: Encruzado
Enologia: equipa dirigida por Osvaldo Amado
PVP: €25
Este branco ganhou o prémio de Melhor Branco e Melhor Vinho Varietal no Concurso Nacional organizado pela Viniportugal.
Dica: muito marcado pela madeira nova (excelente, diga-se) e isso faz diluir a casta e a região de origem. Beba-se com peixes com molho de natas ou manteiga. E guarde-se em cave para ver como evolui.

Quinta da Romaneira Pulga branco 2021
Região: Douro
Produtor: Quinta da Romaneira
Castas: Boal, Viosinho e Rabigato
Enologia: Carlos Agrellos
PVP: €34,90
A Romaneira apresentou este ano um conjunto de vinhos de parcela, tirando partido da enorme extensão da quinta e das diferentes exposições das vinhas. O mosto fermentou em barrica (60% nova).
Dica: muito fino, aqui as notas sada fruta envolvem a madeira; grande expressão ácida. Um branco de grande nível.

Herdade Grande Clássico Colh. Selecc. tinto 2010
Região: Reg. Alentejano (Vidigueira)
Produtor: António Lança
Castas: Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Aragonez e Trincadeira
Enologia: Diogo Lopes
PVP: €8,45
A quinta, com 60 ha de vinha, está na família desde 1920 e tem vinho no mercado com marca desde 1997. Tornou-se uma referência da região. A quarta geração já está a trabalhar na continuação do projecto.
Dica: concentrado na cor e rico no aroma, tem óptima prova de boca, com volume, aromático e com muito boa acidez. Grande companheiro da mesa.

 

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