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A hora dos grandes formatos

Todas as épocas são boas mas…Natal é Natal

Engarrafar vinhos em magnum nunca foi hábito português. Se exceptuarmos alguns vinhos do século passado (Barca Velha, Gran Reserva San Marco, Caves S. João) que nos anos 50 e 60 também faziam grandes formatos, a verdade é que o alargamento do formato de 1,5 l a vinhos «normais» e não exclusivamente a vinhos caros e raros, é uma prática recente. Em boa hora os produtores perceberam que, para os momentos onde o número de convivas seja maior, uma garrafa grande é muito mais apelativa. Eu próprio confesso que não foi há muitos anos que comecei a juntar garrafas grandes e sempre encontro ocasiões para as abrir. O Natal é um desses momentos. Juntar família e amigos em grande número desaconselha totalmente a abertura de garrafas do 0,75 l porque quase nada cabe a cada um dos convivas. Actualmente o formato magnum estendeu-se também aos brancos e rosés, e assim temos imensas opções. Até nos vinhos generosos, sobretudo Porto e Madeira está cada vez mais generalizado o engarrafamento em formatos maiores. A oferta no mercado, sobretudo nesta altura natalícia, é também muito grande. Refiro aqui dois casos, o Corte Inglés e a Garrafeira Nectar das Avenidas, em Lisboa, mas poderia referir as outras grandes superfícies onde também a escolha é diversificada. Na Garrafeira Nectar das Avenidas a opção pelos grandes formatos fez parte da cultura da casa; tem sempre cerca de 50 vinhos em magnum mas, dizem-nos, nesta época chegarão aos 70 items diferentes. A escolha é assim muito facilitada e temos de tudo, desde os vinhos que poderão, sobretudo no norte do país, acompanhar na perfeição o polvo e o bacalhau mas também, mais para sul, o borrego, o peru e as outras iguarias natalícias. O manuseamento destas garrafas maiores pode revelar-se um pouco mais complicado do que se imagina. Se por acaso temos já há muito tempo garrafas destas em casa é muito provável, sobretudo nos tintos, que o vinho tenha adquirido depósito no fundo da garrafa. Isso obriga a uma decantação prévia antes de servir e, é verdade, os decantadores estão apenas pensados para uma garrafa normal e não conseguimos decantar tudo de uma vez para uma outra garrafa. Temos assim que recorrer a dois decantadores (ou jarros) para passar a limpo todo o vinho. Esta tarefa revela-se da maior importância porque é muito desagradável estar a servir vinhos que, a partir de certa altura, nos trazem borras para o copo. O método mais aconselhável é, então, deixar a garrafa em pé durante um ou dois dias e decantar com muito cuidado; parar a operação quando o vinho começar a sair turvo e lavar então muito bem a garrafa, escorrer toda a água e voltar a colocar o vinho dentro da mesma garrafa. Isto facilita muito a identificação dos vinhos, sobretudo quando temos várias em cima da mesa. Podemos então beber o vinho até ao fim, sem mais problemas. Seguramente que até o peru, bicho sensaborão, nos irá saber melhor por termos tido o cuidado necessário com o vinho. E, claro, a história antiga do vinho em frente à lareira, é para esquecer. Tinto a 18 ou 20º no máximo. E que corra tudo bem é o que desejo. O vinho assim, ao menos ele, passou o teste.

Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, foram fornecidos pelos produtores)

Quinta dos Carvalhais Reserva tinto 2018
Região: Dão
Produtor: Sogrape Vinhos
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro
Enologia: Beatriz Cabral de Almeida
PVP: €27
Feito em inox, estagiou depois em barricas novas e usadas. Ligeira filtração antes do engarrafamento permite consumo agora sem decantação.
Dica: muita proporção no conjunto, polido, elegante mas com boa estrutura, é um tinto de que todos gostam. Acidez (naturalmente) perfeita, como é timbre da região.

LouCa branco 2017
Região: Reg. Alentejano
Produtor: Adega Monte Branco
Casta: Arinto e Roupeiro
Enologia: Inês Capão
PVP: €28
Os dois enólogos da casa fizeram 2 vinhos: o Lou (referente a Luis Louro) e o Ca (de Capão), o primeiro é tinto e o segundo, branco. O nome destaca um deles, à vez. Este branco tem apenas 12% de álcool.
Dica: dourado na cor, mostra-se agora no seu melhor momento, rico, cheio, com acidez perfeita e a dar uma grande prova. Os anos não passam por ele.

Quinta d’Aguieira tinto 2017
Região: Bairrada
Produtor: Aveleda
Casta: Touriga Nacional
Enologia: Manuel Soares
PVP: €35
A quinta fica na zona norte da Bairrada. Produziu vinhos famosos desde os anos 40 do século passado. Tem agora um leque alargado de brancos e tintos.
Dica: muito bom exemplar da casta, concentrado mas conservando a elegância, o que torna a prova um prazer.

 

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