Já é possível algum balanço da vindima de 24 À hora desta crónica “vir a…
Monção e Melgaço para todos
Um sucesso que se aplaude
Monção e Melgaço são dois concelhos que partilham entre si uma sub-região da grande Denominação de Origem dos Vinhos Verdes. É assim desde a demarcação, em 1908. Poucas zonas de Portugal se podem orgulhar de um tão antigo reconhecimento da qualidade dos seus vinhos como estas terras à beira do rio Minho. É preciso recuar muitos séculos para encontrarmos as primeiras referências aos vinhos de Monção (às vezes surge como Monsão) e sempre com muitos atributos de qualidade. Não é por acaso, aliás estes méritos raramente são obra do acaso. As características do solo e clima, a concha que esta região forma, protegida de leste para oeste por montanhas que lhe quebram a influência atlântica e dão ao clima uma faceta quase continental, muito quente nos dias de verão mas com noites frias, tudo ajuda para que algumas castas tenham encontrado aqui terreno fértil para medrarem. Hoje falamos muito da Alvarinho mas essa é uma casta nova, algo que tem pouco mais de 80 anos de história. A fama e a tradição sempre impuseram os vinhos tintos de Monção como sendo originais e de excelsa qualidade. Eram vinhos claretes, ou seja, muito abertos de cor e feitos à base de castas que hoje alguns produtores teimam em não deixar morrer, como Alvarelhão, Brancelho ou Borraçal. Foi, no entanto, à sombra da justificada fama da Alvarinho que cresceram muito as vinhas e o número de produtores. Se recuássemos aos anos 70 do século passado apenas encontraríamos quatro marcas no mercado: Cêpa Vélha (é mesmo assim a grafia…), Adega de Monção, Deu la Deu (então a marca pertencia à Real Vinícola) e Palácio da Brejoeira. Foi preciso chegarmos aos anos 80 para que se iniciasse um movimento imparável de aumento da área de vinha e do número de operadores. O interesse foi tal que até empresas de fora da região mostraram interesse em ter um vinho de Monção e Melgaço no seu portefólio. Isso é sempre possível, basta que seja adquirido um lote a um dos vinificadores da região e, depois de certificado e engarrafado localmente, pode surgir no mercado com qualquer marca. É assim com as marcas próprias das grandes superfícies, é assim com estes produtores que hoje trago, um deles do Alentejo. E como a casta Alvarinho, pelas suas qualidades, ganhou fama e está plantada por todo o país, é bom que se desenvolva em Monção e Melgaço uma cultura de originalidade e de identidade próprias que não se limite a uma mera identificação da casta. Até agora qualquer vinho produzido nos Vinhos Verdes com a casta Alvarinho, e que não fosse Monção e Melgaço, apenas podia ter a designação Regional Minho. A partir de 1 de Agosto próximo o privilégio acaba e todos podem ser DO Vinho Verde. É a altura certa para que as gentes daqueles dois concelhos ribeirinhos adoptem o seguinte lema: os produtores não fazem Alvarinho, usam a casta Alvarinho para fazer Monção e Melgaço. Por acaso actualmente é maioritariamente branco mas os grandes claretes, sabemos, também já estão na forja e preparam o seu regresso.
Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, foram fornecidos pelos produtores)
Howard’s Folly Alvarinho branco 2017
Região: Monção e Melgaço
Produtor/Engarrafador: Howard’s Folly
Casta: Alvarinho
Enologia: David Baverstock
PVP: €12
Após a vinificação em inox o vinho estagiou 4 meses sobre borras finas, para adquirir mais complexidade e textura.
Dica: citrino dourado na cor, o vinho mostra-se ainda muito jovem, apesar dos quase quatro anos que leva de vida. Grande proporção na boca, acidez perfeita, já está a dar muito boa prova. Perfeito para peixes.
Santos da Casa Alvarinho Reserva branco 2019
Região: Monção e Melgaço
Produtor/Engarrafador: Santos & Seixo
Casta: Alvarinho
Enologia: Frederico Gomes /Luciano Madureira
PVP: €10
Esta empresa familiar tem vinhos em várias regiões – Douro, Tejo e Alentejo – e inclui no seu portefólio também um vinho de Monção e Melgaço. Um Alvarinho que exprime bem as características vivas e frescas dos vinhos novos desta região.
Dica: um perfeito companheiro de verão para saladas frias, sobretudo se incluírem marisco.
Gorro branco 2020
Região: Monção e Melgaço
Produtor/Engarrafador: PBW (Portugal Boutique Winery)
Casta: Alvarinho
Enologia: Nuno Morais Vaz e Ricardo Sarrazola
PVP: €11,45
O estilo deste Alvarinho assenta sobretudo nas notas mais tropicais, o que é um estilo possível e cada vez mais habitual nos vinhos jovens. Não é necessariamente (e ainda bem) o único caminho.
Dica: com este perfil é com mariscos que deve ser consumido. Se puder, guarde algumas garrafas para consumir no próximo ano.
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