Já é possível algum balanço da vindima de 24 À hora desta crónica “vir a…
Na alegria e na tristeza
Até que 2020 desapareça…
A célebre frase está sempre associada com o champanhe ou com o espumante, a tal bebida que nos pode sempre acompanhar, independentemente do momento mais ou menos alegre. E como este foi o ano mais atípico das nossas vidas não há como deixar para a amanhã o que se pode beber hoje, para dizer adeus e começar o novo ano cheio de esperança que tudo volte ao normal. Já nem pedimos mais, nem dinheiro nem objectivos incríveis, apenas queremos voltar a ser gente que abraça e respira sem regras. Nós portugueses temos vindo a modificar a nossa relação com o espumante. Já não era sem tempo. Agora, e cada vez mais, consumimos as bolhinhas para receber os convivas e como entrada. Também usamos o espumante para acompanhar toda a refeição e, numa jogada um pouco mais radical, há já quem o use no final, substituindo quer os vinhos doces quer os destilados. Hoje selecciono um Champagne e dois espumantes. Se se ler com atenção o rótulo do Veuve Cliquot, encontra-se em letras minúsculas a sigla NM. Como não usamos esta nomenclatura em Portugal vale a pena descodificar. Naquela região francesa todos os champanhes têm uma sigla que identifica o tipo de produtor. Vejamos: esta significa Négociant Manipulant, ou seja, uma empresa que compra vinho e uvas à produção e elabora e comercializa o champanhe. Estão neste caso todas as grandes casas e os nomes que todos conhecemos. No entanto, se se tratar de um produtor-engarrafador e sigla será RM (Récoltant Manipulant), se for de uma adega cooperativa (e há mais de 100) então no rótulo virá CM (Coopérative de Manipulation) e, se uma grande empresa de distribuição quiser ter marca própria, então teremos MA (Marque d’Acheteur); temos assim quatro exemplos, dos sete que a legislação contempla. É uma informação curiosa, até porque algumas marcas famosas não imaginávamos que eram de Cooperativa, como Nicolas Feuillatte, por exemplo. Por cá temos outros pormenores por resolver e um dos importantes é a informação, no rótulo, da data em que foi colocada a rolha. Sabendo-se que há muitos espumantes sem data de colheita (em Champagne o problema é idêntico) e conhecendo a prática cada vez mais usada (mesmo nos espumantes datados) de deixar o vinho longos anos em cave antes de colocar a rolha, é fundamental ter esta informação para podermos ter uma noção da saúde que o vinho poderá ter. A partir do sexto ano após a colocação da rolha o vinho entra na fase do “pode ser que ainda esteja bom” ou “quem sabe não teremos uma boa surpresa”. Ora acontece que não raras vezes o que nos calha em sorte é o “olha, este já foi…”, quando a rolha perde a elasticidade e deixa sair o gás. Sem gás não há espumante, há outra bebida que até há quem aprecie, mesmo oxidado e tudo. Mas esses são grupos minoritários. O que queremos é celebrar com bolhinhas vivas e finas e sobretudo com bons copos. Deixe de lado as taças largas que os nossos pais usaram e, à falta de outro modelo, use os copos que tem para vinhos brancos. Vamos lá fazer uma forcinha pelo 2021 que não merecemos mais disto…
Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, correspondem a valores de mercado)
Champagne Veuve Cliquot Ponsardin Brut s/ data
Região: Champagne
Produtor: Veuve Cliquot (Import: Bacardi)
Castas: por norma incluem Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier
PVP: variável, conforme o local de compra, entre €42 e €52
Esta é uma das grandes marcas do mercado, longe da Moët mas representa muitos milhões de garrafas. Uma marca muito segura.
Dica: como aperitivo é perfeito, quer a solo quer para acompanhar canapés de peixes fumados.
Espumante Cartuxa Reserva Bruto 2011
Região: Alentejo
Produtor: Fundação Eugénio de Almeida
Castas: lote de várias castas
Enologia: Pedro Baptista
PVP: €30
No mercado já existe também a colheita de 2013. Fermentado e estagiado em barrica.
Dica: este é um espumante para a mesa, podendo acompanhar desde pratos de carne até peixes fortes como bacalhau assado.
Espumante Quinta do Poço do Lobo Bruto 2015
Região: Bairrada
Produtor: Caves S. João
Castas: Arinto e Chardonnay
Enologia: José Carvalheira
PVP: €9
Há já muito tempo que esta combinação de castas tem dado os melhores resultados. A quinta também produz bons brancos, de Arinto, e tintos, quer de Baga quer de Cabernet Sauvignon.
Dica: excelente a relação qualidade/preço num espumante polivalente, de aperitivo até à mesa.
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