Já é possível algum balanço da vindima de 24 À hora desta crónica “vir a…
Os maiores também se abatem?
Começam a chegar as listas dos melhores do ano
Podemos pensar que a quadra natalícia não aconselharia a que fosse este o tema aqui tratado mas a verdade é que perderia oportunidade se fosse protelado. Refiro-me à lista dos 100 melhores vinhos do ano publicada na Wine Spectator, a mais influente revista de vinhos americana. Há já muitos anos que a revista revela por esta altura os seus escolhidos sendo que, convém lembrar, naquela publicação se recebem vinhos de todo o mundo e, por isso, o universo é enorme e são muitos milhares de provas ao longo do ano. Portugal e os seus vinhos têm tido comportamento diverso ao longo dos anos: desde ter sido nº1 ex-aequo com os vintages Fonseca e Taylor’s 1994, ter integrado o TOP 10 e ter, cm regularidade, vários vinhos dispersos pela lista. Os critérios são muito próprios e vão desde (entre outros) a classificação, a relação qualidade/preço e a disponibilidade no mercado americano e assim, não é necessariamente o vinho mais caro ou mais pontuado que fica mais bem classificado. Este ano apenas o “nosso” Pintas foi incluído na listagem, apesar da reduzida quantidade exportada para os EUA, só 120 caixas de 6. Nesta altura seria excelente que o produtor tivesse centenas de caixas por vender mas a verdade é que o vinho já está esgotado. Mas a visibilidade, essa, está garantida. Quando pela primeira vez tive conhecimento desta lista (nos anos 80), coleccionei vários anos a edição dos melhores e eram sobretudo vinhos de Bordéus e Borgonha que inundavam os 100 melhores, acrescidos de muitos (mas mesmo muitos…) vinhos americanos, brancos e tintos. É verdade que como os anos não são todos iguais, nos menos bons até as grandes regiões se vêem arredadas do TOP 100 e poderá ter sido esse o caso este ano. Mas olhando para a lista, consultável em https://top100.winespectator.com/lists/, percebemos que os vinhos espanhóis e os italianos se sairam muito bem, com várias regiões a serem premiadas, nomeadamente com o 1º lugar para as Bodegas Marqués de Murrieta, um grande, grande clássico de nuestros hermanos. Aqui com um pequeno pormenor: o vinho é da colheita de 2010!!!! Algumas regiões portuguesas, nomeadamente o Dão, a Bairrada e o Douro bem que podem reflectir e perceber que os vinhos sairão muito beneficiados se forem devidamente conservados na cave do produtor durante alguns anos e vendidos quando se aproximam do melhor momento. É verdade que em tempos de Covid esta conversa é inconveniente mas a pandemia um dia passará e será sempre preciso tomar decisões com tempo e cabeça fria. Não sendo verdade que os maiores também se abatem, é curioso verificar que Chile, Argentina, África do Sul e Nova Zelândia se portaram igualmente bem. Quanto ao excesso de vinhos americanos – compreensível – não comento, já que não conheço a grande maioria deles. Mas falarem de Portugal, ainda que apenas por um único vinho (um grande vinho, tomem nota…) já pode ser motivo de alegria. A esta muitas outras listagens dos melhores se seguirão. Seguramente nenhuma com tanta importância e impacto como a da Wine Spectator. Essa é a verdade.
Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, correspondem a valores de mercado)
Pedra Cancela Intemporal branco 2012
Região: Dão
Produtor: Lusovini
Castas: Encruzado, Malvasia Fina e Cerceal Branco
Enologia: Sónia Martins
PVP: €25
O vinho estagiou 7 anos em cave antes de ser comercializado. Procura-se assim demonstrar a grande capacidade destas castas para a boa evolução em cave.
Dica: branco rico e complexo de aromas, sem oxidação mas com evolução de grande classe. Cumpriu os propósitos na perfeição e a um preço muito acessível.
Pintas tinto 2017
Região: Douro
Produtor: Wine & Soul
Castas: castas misturadas em vinha velha, zona do Vale do Pinhão
Enologia: Wine & Soul
PVP: €80
Este tinto apresenta uma notável consistência de qualidade, ao que não é estranho a idade das vinhas onde tem origem. É um tinto de luxo, um prazer para partilhar.
Dica: perfeita ligação da fruta com a barrica, muito rico de aromas e com o nervo e riqueza que só as vinhas velhas proporcionam. Costuma ter edição anual.
DSF Col. Privada Moscatel de Setúbal Superior 2002
Região: Moscatel de Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca
Castas: Moscatel de Alexandria
Enologia: equipa José Maria da Fonseca
PVP: €25
Muito rico de aromas com abundantes notas de uva em passa, muita laranja cristalizada, tudo com bom impacto. Doce na boca, notas de mel, de figos em calda. Usa aguardente de Armagnac para parar a fermentação.
Dica: um grande vinho de sobremesa para os doces de Natal. Deverá ser bebido fresco. Se tiver mais, conserve as garrafas em pé.
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