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Precisamos delas, agora e sempre

As bolhas de que às vezes nos esquecemos

Portugal tem conhecido nos últimos 20 anos um enorme crescimento da produção de espumantes. É verdade que temos uma tradição que remonta aos finais do séc. XIX quando, na Bairrada, se fizeram as primeiras experiências de espumantização, com conselhos técnicos e castas da região de Champagne. Talvez por isso mesmo o “Champanhe Portuguez” nome que surgia em alguns rótulos dos inícios do séc. XX, se tenha desenvolvido na região bairradina mas também noutras, como o Douro, onde a Real Vinícola e Real Companhia Velha produziam espumantes. Foi no entanto na região de Lamego que nasceu a principal empresa produtora deste tipo de bebida: a Raposeira – que já nos anos 80 e 90 do século passado produzia milhões de garrafas – e a Murganheira, mais pequena em dimensão, mas com uma fortíssima aposta nos vinhos da variedade Bruto – os mais secos – o que contrariava o gosto maioritário do público. O consumidor gostava mais da variedade Meio-Seco, o tradicional espumante bebido nos baptizados e casamentos, com uma dosagem de açúcar que chegava aos 50 gramas por litro. A luta da Murganheira pelos vinhos mais sérios, de melhor qualidade e menor teor de doçura deram os seus frutos e, noutras regiões, começaram também a fazer-se experiências de espumantização. É verdade que zonas frias com solos calcários estão mais vocacionadas para a alta qualidade mas é verdade também que se pode fazer um bom espumante em qualquer região. A melhor prova disso é que hoje ele está presente em todas as zonas, incluindo as ilhas. O fabrico tem procedimentos muito claros, mais do que “segredos” e por isso, se se vindimar especificamente para espumantizar – vindimas precoces e uvas com baixo grau e acidez elevada – e se houver o saber básico para não cometar erros (a prensagem das uvas é “o momento” de todo o processo), é possível produzir em qualquer região. Se a base for de grande qualidade então o vinho justificará repousar em cave durante anos, antes de levar a rolha de cortiça. Os melhores chegam a ter um tempo de estágio entre os 5 e os 10 anos e a complexidade que adquirem com esse longo tempo em cave faz toda a diferença na apreciação final. Como disse, hoje produzem-se em todas as regiões e trago três produtos alentejanos, de entre os muitos que a região já tem. Se é verdade que as clássicas castas de Champagne – Pinot Noir e Chardonnay – continuam a ser as que melhor se exprimem em espumantes, também é certo que variedades como a Arinto (e atenção também aos espumantes de Bucelas), a Alvarinho (sobretudo em Monção e Melgaço) ou a combinação Bical/Maria Gomes, na Bairrada, dão resultados bem interessantes, tal como dá também a nova categoria Baga Bairrada que usa a casta tinta para fazer espumantes brancos. Nota: actualmente não é obrigatório indicar se o espumante é branco ou rosé e, por isso, é um dado que não é preciso ter em conta. Verdadeira preciso era que todos os vinhos tivessem a indicação da data em que foi aposta a rolha. Só assim o consumidor estará mais defendido. Vários produtores já assumiram este compromisso mas a maioria ainda não.

Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, correspondem a valores de mercado)

Espumante Monsaraz Bruto Natural 2017
Região: Alentejo
Produtor: CARMIM
Castas: Perrum e Arinto
Enologia: Rui Veladas/Tiago Garcia
PVP: €7,99
Usa uma casta quase esquecida (Perrum) e teve um estágio de 9 meses em cave antes de ser rolhado.
Dica: citrino e com boas notas vegetais, muito fresco. Bom para aperitivo ou para a mesa. Preço muito convenitente.

Espumante Pousio Reserva Bruto branco s/ data
Região: Sem Denominação
Produtor: Casa Agrícola HMR
Castas: Arinto e Antão Vaz
Enologia: Luis Duarte/Nuno Elias
PVP: €14,95
Teve um estágio de 30 meses em cave. A Antão Vaz é das mais características castas brancas da região.
Dica: fino, elegante e complexo, excelente para aperitivo. Merece copos mais largos que a tradicional flute. Bom preço atendendo à qualidade que apresenta.

Espumante Vidigueira branco 2016
Região: Alentejo
Produtor: Adega Coop. Vidigueira Cuba e Alvito
Casta: Antão Vaz
Enologia: Luis Morgado Leão
PVP: €9,98
O vinho base estagiou em barrica, método que é também usado em algumas casas da região francesa. A Vidigueira, costuma dizer-se, é a pátria da Antão Vaz.
Dica: volumoso e muito rico, é vinho para a mesa, perfeito para peixes nobres. Um espumante muito consensual, deste todos vão gostar.

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