Setúbal dá um passo em frente Tal como tinha anunciado na semana passada é hoje…
E porque o calor não vai demorar…
Sugestões em tons de rosa
A temperatura está gradualmente a subir e a bolsa a emagrecer. Confinamentos, lay-off e perda de emprego são factores que infelizmente nos levam a repensar os gastos em vinho. Para ser mais generalista obrigar-nos-á a repensar muitos outros dispêndios, num verdadeiro arrastão que não sabemos bem até onde nos irá levar. Assim sendo é bom ter presente que o país já produz hoje muito bons vinhos a preços cordatos e que, se quisermos também apoiar as empresas que podem ter hipóteses de sobreviver, temos de provar e beber o que de bom por todo o país se produz. O Made in Portugal é por isso informação a privilegiar. Já estão a chegar ao mercado as colheitas de brancos e rosés de 2019 e alguns tintos, sobretudo das colheitas de 2017/18. Hoje vou seleccionar três rosés, um tipo de vinho que cada vez mais consumidores estão a aceitar até para fazer as vezes do branco. Foi um processo lento e uma luta difícil mas, creio, aos poucos os velhos preconceitos anti-rosé estão a esbater-se e, em virtude da qualidade que apresentam e da secura que muitos têm, a fazer bem o seu papel de companheiros de refeições ligeiras e saladas estivais. Relembremos que o rosé não é uma mistura de branco com tinto, é um vinho feito com uvas tintas que, com muito pouco contacto da película (onde está a cor) com o mosto, ficam com a tonalidade rosada. Esta cor também esteve sujeita a modas e actualmente é muito mais salmonada do que rosada, no seguimento da moda internacional ditada pelos rosés da Provence. Aquela região francesa produz um verdadeiro mar de vinho rosé, muitas vezes caro e nem sempre extraordinário. Como nisto das modas se tende rapidamente ao exagero há rosés desta zona do sul da França que nem cor têm, parecem água. E quanto a preços temos de tudo mas muitos passam bem dos 20 ou 30 euros por garrafa. É verdade que o consumidor parece pouco disposto a pagar mais por um rosé do que por um branco e isso é preconceito até porque os custos de produção e a técnica exigente até poderiam levar a que o rosé fosse mais caro que um branco do mesmo perfil. De qualquer forma hoje temos vinhos deste tipo produzidos em todas as regiões do país e a qualidade média é bem interessante. Os que forem realmente mais secos deverão ser consumidos à mesa, os que tiverem um pouco de açúcar residual serão mais bem apreciados à soleira da porta ou na esplanada com uns aperitivos ou mesmo a solo. Um outro factor a ter em atenção é a graduação. Neste momento o leque é muito alargado e desde os 11º até aos 13,5º de tudo se pode encontrar. Aqui o cuidado na selecção é importante porque os mais alcoólicos podem tornar-se pesados e obrigam a muito mais ponderação no consumo. Alguns ainda poderão apresentar-se com ligeira presença de gás. Nada de grave, é um género que não só tem apreciadores como pode até ajudar o próprio vinho. Tudo depende do trabalho de adega levado a cabo pelo produtor e, se for bem feito, o gás não perturba. E, neste tipo de vinho, a região deverá ser factor secundário na escolha.
Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, correspondem a valores de mercado)
Vinha Grande rosé 2019
Região: Douro
Produtor: Sogrape Vinhos
Casta: Touriga Nacional
Enologia: equipa dirigida por Luis Sottomayor
PVP: €8,99
A marca nasceu em 1960 e esteve décadas confinada a vinhos tintos. Nos anos 80 a Sogrape iniciou a produção de rosés secos e sem gás, num perfil em tudo diferente do “conceito” Mateus. Origem na quinta do Sairrão a 500 m altitude (S. João da Pesqueira). Este tem 11,5% de álcool.
Dica: um toque floral em diálogo com framboesas, conjunto delicado, fino e pouco alcoólico, a gosto de muitos consumidores.
Assobio rosé 2019
Região: Douro
Produtor: Murças
Castas: Touriga Nacional, Tinto Cão, Tinta Roriz e Rufete
Enologia: José Luis Moreira da Silva/David Baverstock
PVP: €7,49
A vinha de Rufete tem cerca de 30 anos, as restantes entre 10 e 15. A casta Rufete é antiga na região e conhece hoje um renovado interesse. Este tem 13% de álcool.
Dica: mais rosado que salmonado, seco e de acidez bem vincada, pede sobretudo consumo à mesa. Conjunto muito harmonioso, apesar do álcool um pouco elevado.
Quinta do Monte d’Oiro rosé 2019
Região: Reg. Lisboa
Produtor: José Bento dos Santos
Casta: Syrah
Enologia: Graça Gonçalves
PVP: €8
Feito em inox, fruto de agricultura biológica certificada. A casta é emblemática nesta propriedade e, além deste, existe um outro rosé de uma gama superior. 10 000 garrafas produzidas. Este tem 12% de álcool.
Dica: muito boa frescura e elegância com bom arredondamento na boca, a sugerir consumo quer à mesa quer na esplanada.
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