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50 anos em 2020? Que sorte…

Os nascidos em 70 não se podem queixar

Neste assunto dos aniversários e respectivas comemorações há sempre uns que têm mais sorte que outros. Neste caso, em 2020, os nascidos em 1970 e que fazem agora a tal idade-charneira dos 50 anos, estão cheios de sorte. Mais no caso do Vinho Porto do que do lado do Vinho Madeira. Ao que soubemos houve algumas casas da Madeira que editaram vinhos com a data de 1970 (Barbeito e Blandy’s) mas já não existem no mercado local. No caso dos vinhos do Porto o 1970 foi glorioso. É o mínimo que se pode dizer de um ano considerado dos melhores do séc. XX, ao lado de um 63, de um 77 ou de um 94, para ficarmos apenas nos mais recentes. A declaração foi então generalizada (todos declararam) mas algo controversa, com alguns vinhos feitos com uvas sobremaduras, o que não dava boas indicações para o futuro. No entanto alguns vinhos evoluíram magnificamente e marcas como a Graham (que hoje recomendamos), Taylor, Fonseca, Niepoort e Ramos Pinto produziram vinhos celestiais que ainda se conseguem adquirir no mercado. O ano marca ainda o final de uma época: a partir de 1973 passou a ser obrigatório engarrafar os vintages em Portugal. Até então ainda havia algumas exportações em pipa e era depois o importador que engarrafava o vinho (sem selo do IVDP). É por isso possível encontrar no mercado vintages deste ano (ou datas anteriores) sem selo e que não são falsificações. Na declaração seguinte, que ocorreu em 75 (uma declaração totalmente falhada, numa época particularmente conturbada para o sector), já todos os vinhos foram engarrafados em Portugal e dentro do limite temporal estabelecido por lei, ou seja, entre o 2º e o 3º ano após a colheita. Estes são vinhos que dão agora um prazer imenso a beber, onde se capta toda a finura e elegância que um Porto pode atingir com 50 anos de idade. Era negro como breu quando era novo, fechado dentro da garrafa escura e guardado em local fresco, mas que evoluiu desta maneira extraordinária. Foi preciso esperar 7 anos para a região voltasse a produzir um vintage memorável. Aconteceu em 1977, o ano que foi o supra-sumo dos vintages do século XX. Falando de outros vinhos que não generosos, podemos afirmar que não é de todo aconselhável (ainda que se possam encontrar no mercado) espumantes ou champanhes tão velhos. Será sempre “dinheiro deitado à rua” pela triste razão que a rolha e a respectiva elasticidade, não aguentam tantos anos e, perdendo o gás, a bebida perde a razão de ser. Já no caso de alguns vinhos tintos é verdade que o ano também foi bom, quer no Dão quer na Bairrada e há bons vinhos que se podem ainda adquirir. Em qualquer caso é sempre aconselhável deixar a garrafa pelo menos um dia na posição vertical e fazer uma decantação cuidada. Caso se tenha tal adereço e se saiba como manejar, a tenaz de cortar o gargalo a fogo deve aqui ser usada. E muito parabéns aos felizardos de 70 que tiveram mais sorte com o ano do que eu…

Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, correspondem a valores do mercado)

Pêra-Manca branco 2017
Região: Alentejo
Produtor: Fundação Eugénio de Almeida
Castas: Antão Vaz e Arinto
Enologia: Pedro Baptista/Duarte Lopes
PVP: €40
A primeira edição remonta a 1990. Tem estágio em inox e barrica e posteriormente em garrafa. É sempre vendido 2 anos após a colheita. Tem produção anual média de 60 000 garrafas.
Dica: clássico branco de inverno, com bom volume, estrutura e boa acidez. Dura bem alguns anos em garrafa.

Velhos Bardos Reserva tinto 2017
Região: Douro
Produtor: Vasques de Carvalho
Castas: lote de quatro variedades da região
Enologia: Jaime Costa
PVP: €30
Estágio de 12 meses em barricas novas. Apenas se produziram 1533 garrafas. A empresa também tem no mercado um conjunto muito bom de vinhos do Porto.
Dica: um tinto rico, cheio, ainda com imensos anos pela frente. A provar agora para conhecer o estilo e a guardar o resto em cave. Está a entrar no mercado.

Graham’s Porto Vintage 1970
Região: Douro
Produtor: Symington Family Estates
Castas: vinhas velhas com castas misturadas
Enologia: à época Peter Symington
PVP: €289 (Garraf. Nacional, Lisboa)
Um vintage muito surpreendente porque ainda mostra garra e força para aguentar mais umas décadas em plena forma. Provado em 2019.
Dica: beber ligeiramente refrescado, a solo ou com queijo seco (Stilton, se for à inglesa…).

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