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Reserva ou Colheita Seleccionada?

É grande a confusão dos designativos de qualidade

O leitor apreciador de vinhos, perante uma prateleira cheia de garrafas que não conhece irá decidir-se pela compra com que critério? Pelo preço? É bem provável mas, logo a seguir, podem intervir outros critérios, como a região, a casta, o nome de uma Quinta/Herdade/Solar/Paço/Casa/Palácio, o tipo (branco, rosé, tinto) ou os designativos de qualidade. Quanto a estes últimos os mais usados são Reserva, Reserva Especial, Grande Reserva, Colheita Seleccionada, Superior, Escolha, Grande Escolha ou Garrafeira. Este poderia ser então um dos critérios de preferência mas, para isso, eles deveriam significar realmente algo e terem, por exemplo, uma certa correspondência no preço. É aqui que se estabelece uma tremenda confusão e o consumidor não tem como ficar elucidado. É que pode encontrar um Reserva que custa 2 euros, ao lado de outro com o mesmo designativo que custa 15, um que não tem qualquer designativo e custa 20. É a confusão total e, na situação actual, os designativos não têm qualquer significado. E para que o consumidor ainda tenha mais com que se confundir, surgem por vezes outros nomes que, não estando contemplados na legislação, podem ser usados pelos produtores como bem entenderem. O mais usado e mais difícil de definir legalmente é Vinhas Velhas. Não só não há um critério aceite por todos para a definição da idade de uma vinha para ser considerada velha, como ninguém vai verificar se realmente as uvas – é uma chatice elas não falarem… – vieram da tal parcela a que o produtor chama “velha”. Outros, para fugirem da banalidade, optam por outra forma de dizer o mesmo. Chamam à parcela vinha centenária, primeira vinha, vinha antiga, vinhas dos avós ou outra que a imaginação descubra. Além do Vinhas Velhas (termo que apareceu por cá nos finais dos anos 80), lá temos depois outros nomes também fantasiosos como: Selecção do Enólogo, Reserva Pessoal, Reserva da Família e vários outros que, em boa verdade, acabam por não dizer nada sobre a qualidade do que vem dentro da garrafa. Como todos sabemos, quando não conhecemos a marca ou o produtor, é por outros critérios que nos regemos, alguns deles bem importantes e nem sempre referidos, como sejam, o rótulo, o formato ou o peso da garrafa ou mesmo um Je ne sais quoi que nos impele à compra. A verdade é que é muito fácil ter um vinho aprovado numa Câmara de Provadores com um qualquer designativo. É urgente pôr tudo isto na ordem, algo que cabe aos organismos do sector mas, como estamos em Portugal, a coisa é para se fazer devagarinho, depois de auscultados todos, mas mesmo todos os intervenientes do sector e pedidos pareceres intermináveis a juristas de nome, o que levará imenso tempo. Tal como estamos, é aconselhável passar ao lado dos designativos. E se não sabe o que comprar, escolha pelo preço. Quer gastar €12 numa garrafa? Compre que ficará bem servido mas… esqueça os adjectivos!

Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, foram fornecidos pelos produtores)

Quinta Vale Veados branco 2017
Região: Reg. Tejo
Produtor: Rui Reguinga
Castas: Arinto e Viognier
Enologia: Rui Reguinga
PVP: €10
Um branco diferente do habitual na região, mais sério, mais austero e mesmo com um toque oxidativo. Requer, por isso, decantação.
Dica: será mais bem apreciado à mesa com pratos bem temperados.

Quinta do Piloto Reserva branco 2015
Região: Palmela
Produtor: Quinta do Piloto
Castas: Antão Vaz e Arinto
Enologia: Filie Cardoso
PVP: €16,85
Vinha plantada em solos arenosos, típicos da zona. Comercializado após um estágio mais longo do que o habitual.
Dica: um branco diferente, volumoso e de meia-estação. Não beneficiará com mais tempo de espera.

Grande Trinca Bolotas tinto 2017
Região: Alentejo
Produtor: Herdade do Peso
Castas: Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Syrah
Enologia: Luis Cabral de Almeida
PVP: €9
Produzido pela Sogrape na zona da Vidigueira, este tinto estagiou 12 meses em barricas de carvalho.
Dica: muito preciso e definido na fruta, um prazer à mesa e já no ponto certo do consumo.

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