Setúbal dá um passo em frente Tal como tinha anunciado na semana passada é hoje…
Pulsações a aumentar
Quanto mais se aproxima a vindima, pior
Pode ser pior quanto às pulsações mas as expectativas são boas para a vindima que se aproxima. É curioso que temos tendência a esquecer que, apesar do país ser pequeno, as diferenças são enormes entre as várias regiões. Repare-se: numa breve conversa que tive com vários enólogos e produtores para indagar das expectativas em relação à vindima encontrei situações tão variadas como um produtor que no Alentejo estava a apanhar Aragonez com 14º de álcool provável no dia 8 de Agosto, e um produtor/enólogo do Douro (Alijó) que está em crer que os brancos no fim do mês estarão bons para a vindima. Curiosamente em várias regiões ouvimos a frase do “estaremos uns 10 dias atrasados” em relação a um ano normal. A razão de ser deste atraso prende-se com o facto do Verão correr ameno, talvez até ameno de mais e a falta de calor implica uma maturação mais lenta das uvas e, por via disso, menos açúcar nos bagos. Outra consequência é a alta acidez, já que ela se degrada com o calor e quando há Verão ameno ela mantém-se em níveis muito elevados. Já se sabe que é muito difícil agradar a todos e que não há duas vindimas iguais mas a coisa está a correr bem. Fala-se (ou falava-se…) também em produções pequenas porque os bagos, com um ano de intensa seca, não tiveram forma de engordar. As chuvas de 7 a 10 de Agosto vieram aqui dar algum alento, não tanto para repor água no solo – para isso tinha de chover tal quantidade que tudo iria apodrecer – mas para fazer inchar um pouco os bagos e assim gerar uma maior quantidade de mosto. Luís Pato, satisfeito pela facto das uvas terem sido poupadas aos violentos ataque de míldio e oídio do ano anterior, espera um bom ano de brancos, com um pequeno acréscimo e com uma quebra de quantidade nos tintos, especialmente na Baga, talvez uns 15%. Tintos? Lá para fim de Setembro, inícios de Outubro. Maior contraste com o Alentejo seria difícil. Celso Pereira, enólogo com grande aposta nos espumantes do Douro espera um ano de boas uvas e mesmo que a acidez seja muito elevada isso não é problema, sobretudo para os que são, como ele, produtores de espumantes. Todos na expectativa, portanto. Anselmo Mendes, com vindimas em várias regiões, espera uma quebra na Alvarinho e Loureiro (houve pouca nascença) mas já na região de Lisboa, a par de uma pequena quebra na produção a maturação está a correr bem, tal como nos Açores onde, na ilha Terceira, faz vinhos nos Biscoitos. Ali a quantidade é meramente simbólica: no ano passado fizeram-se 1000 litros, este ano espera chegar aos 4000. Duas semanas cruciais, tudo se vai agora decidir. É tempo de limpar bem as adegas, cubas e tonéis. Começa agora um gasto astronómico de água que só parará no lavar dos cestos. É só fazer as contas: para se fazer um milhão de litros de vinho gastam-se em média 4 milhões de água. Mas aqui não se pode poupar já que a higiene e limpeza são condições indispensáveis para se fazer um vinho são.
Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, foram fornecidos pelos produtores)
Quinta do Convento branco 2018
Região: Douro
Produtor: Kranemann Estates
Castas: Rabigato, Viosinho, Gouveio e Arinto
Enologia: Diogo Lopes/Anselmo Mendes
PVP: €11,80
Nova vida para uma das mais antigas propriedades do Douro, agora pertença de um alemão. São esperadas novidades para breve.
Dica: muito fresco e citrino de aroma, excelente acidez e corpo ajustado. Bom para já, melhor para o futuro.
Herdade do Sobroso Cellar Selection tinto 2016
Região: Reg. Alentejano
Produtor: Herdade do Sobroso
Castas: Syrah e Alicante Bouschet
Enologia: Luis Duarte
PVP: €15
Estas castas podem funcionar muito bem em conjunto sobretudo se, como é o caso, tiverem pouca presença de barrica nova.
Dica: um tinto guloso, muito proporcionado e capaz de dar prazer desde já.
JMF Reserva tinto 2018
Região: Reg. Pen. Setúbal
Produtor: José Maria da Fonseca
Castas: Castelão e Syrah
Enologia: equipa dirigida por Domingos Soares Franco
PVP: €4,99
Combinam-se aqui a casta mais tradicional da região com a Syrah, já amplamente divulgada no sul do país, onde tem mostrado muita consistência.
Dica: um tinto fácil e despretensioso mas com todas as boas características para ser parceiro de pratos ligeiros. Saboroso e consensual.
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