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2017 é ano vintage
Vinho do Porto rompe tradição
O vinho do Porto da vindima de 2017 foi considerado suficientemente bom para ser declarado como vintage. Só agora se tomou a decisão porque, por lei, só no segundo ano a seguir à colheita, se pode aprovar o vintage. A tradição sempre aconselhou a prática de deixar passar dois invernos pelo vinho para então se aquilatar melhor da qualidade do mesmo. Todos os produtores credenciados junto do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), dos pequenos às grandes empresas, puderam assim enviar amostras para a eventual aprovação como vintage pela Câmara de Provadores. Sem essa aprovação nada feito. E são muitas as amostras que são recusadas pela Câmara, obrigando-se o produtor a enviar um lote diferente para nova prova. Até aqui o assunto não é de grande relevo porque quase todos os anos há declarações de vintage. Então o que distingue esta de outras declarações? O que vou escrever irrita muito produtor mas…é a vida! Explica-se facilmente: as empresas inglesas mantêm a tradição de, nos melhores anos, declararem o vintage com o principal nome da empresa (Taylor’s, Fonseca, Graham’s, Dow’s, por exemplo) e chamam a estas as “declarações clássicas”; nos anos não clássicos os vintages são apelidados de “single quinta” e levam outro nome, como Qta. de Vargellas, Qta de Malvedos, Quinta do Roêda ou outro. Desde sempre se declarou, por norma, três anos por década (e nunca seguidos) como vintage clássico; a raridade faz aumentar a apetência do mercado, diz-se. O assunto irrita porque outras casas (Noval, Niepoort, Ferreira, Sandeman, Ramos Pinto, por exemplo) não têm aquele conceito de “single quinta” e não gostam desta distinção. É verdade que o IVDP também não aprova vintages de primeira e de segunda, simplesmente aprova ou não como vintage, o resto da decisão é da empresa. Nos tais anos clássicos todos declaram e é uma festa para o Vinho do Porto. O que aconteceu é que o 2016 tinha sido considerado clássico (menos para Ramos Pinto e Niepoort) e o 2017 voltou a ser um ano clássico (desta vez sem as marcas da Sogrape), ou seja, dois anos clássicos seguidos, coisa nunca vista no sector. À espreita está o 18 mas só para o ano se decidirá. O interesse do clássico é que se vende mais caro e embora as quantidades declaradas em geral não sejam grandes, a Taylor’s produziu 11 500 caixas de 12 garrafas, uma quantidade já muito significativa. Para um vinho que não tem os custos de estágio que os outros portos têm, o vintage pode ser um excelente negócio. Mas não se pode facilitar: um grande vintage é um vinho que vai durar de 50 a 80 anos na garrafa e, para isso, tem de ser extraordinário em novo. Por isso a decisão é tão difícil e tão pensada. Neste momento ainda só provei os do grupo Taylor/Fonseca/Croft/Krohn e há que dizê-lo com frontalidade: são vinhos de uma qualidade estratosférica. Todos os vintages deverão começar a ser disponibilizados no Outono. E quando houver mais provas feitas voltarei ao assunto.
Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, foram fornecidos pelos produtores)
Azevedo Reserva branco 2018
Região: Reg. Minho
Produtor: Sogrape Vinhos
Casta: Alvarinho
Enologia: António Braga
PVP: €6,79
Um Alvarinho produzido fora de Monção e Melgaço tem, por enquanto, a designação Vinho Regional. É este o caso.
Dica: um branco bem conseguido, com a fruta a comandar a prova. Polido, elegante, fresco e a pedir petiscos de Verão.
Quinta do Gradil Alvarinho branco 2018
Região: Reg. Lisboa
Produtor: Quinta do Gradil
Casta: Alvarinho
Enologia: Tiago Correia
PVP: €11,50
Tem origem numa parcela de 1,5 ha. É a primeira vez que chega ao mercado. A quinta fica no Cadaval e pertenceu aos herdeiros do Marquês de Pombal. 11 000 litros produzidos.
Dica: muito harmonioso, pleno de fruta, com corpo ajustado e uma acidez rica e bem presente.
Vallado tinto 2017
Região: Douro
Produtor: Quinta do Vallado
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Sousão
Enologia: Francisco Olazabal/Francisco Ferreira
PVP: €7,50
Cerca de 25% do lote estagiou em madeira já usada. Fizeram-se 200 000 garrafas deste tinto. Produz-se há 20 anos.
Dica: um tinto macio, descomplexado e muito agradável de beber. Multifacetado, é tinto de combate para pratos de carne.
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