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Está na hora deles

E esperar pelo verão pode não ser ajuizado

Muitos dos produtores de vinhos brancos e rosés já têm, a esta hora, os seus vinhos de 2018 engarrafados. Alguns até já estão no mercado. É mesmo assim que se trabalha com profissionalismo e assim deveria ser sempre. Os vinhos jovens, aqueles que são para consumir no verão que se se aproxima não podem esperar muito mais. Em alguns casos – os rosés são um bom exemplo – os vinhos são um complemento do portefólio e não podem, ou não devem, estar à espera que a colheita anterior se venda. A edição de 2018 tem de estar pronta para ser distribuída e a tese de que só se pode colocar no mercado quando se acabar de vender a de 2017 pode (e vai com certeza) dar muito mau resultado. Neste ponto costuma existir um conflito entre produtores e distribuidores, uns a quererem vender rápido e os distribuidores a não quererem perder dinheiro por vinhos que “ah e tal, ainda se podem vender”. Sejamos claros: o consumidor português já por si não é muito adepto de vinhos rosés e criou a ideia que esse tipo de vinhos só se pode beber se se tratar da colheita mais recente. Assim sendo, se quem lhe está a propor o consumo (restaurante, por exemplo) já tiver alguns rótulos da colheita de 2018, não restam dúvidas que são esses que serão escolhidos. Os outros, do ou dos anos anteriores, acabam inevitavelmente como monos, não se vendem, o distribuidor não escoa o stock, o produtor não coloca a colheita nova. Com sorte (o que temos assistido com muita frequência) lá para fins de Agosto/Setembro é que vai começar a vender. Então será tarde e o comboio estival estará perdido. Por outro lado, os mais ousados, quiçá mais avisados, irão também descobrir que os vinhos ganham com tempo em garrafa, uma verdade quase absoluta que é válida mesmo para os vinhos verdes mais simples. Os brancos do Vinho Verde, com as modernas técnicas de viticultura e adega, são vinhos para vários anos mas ainda vai demorar muito tempo a mudar a mentalidade de quem compra. O que se passa com os brancos jovens passa-se com os rosés. Terminado o calvário dos rosés doces e com gás que preencheu os piores pesadelos dos consumidores, vinhos que imitavam (mal) o Mateus, há agora à disposição um conjunto alargadíssimo de vinhos que são excelentes companheiros de refeição. Com os vários perfis que existem e graduações alcoólicas muito variadas, é caso para dizer que não faltam escolhas. Só há um pequenino problema: não se vendem! Na Garrafeira Nacional, em Lisboa, informam-nos que, mesmo tendo uma boa e diversificada oferta, os rosés “ficam encostados” e são difíceis de vender. Falta então saber que estratégia comercial é esta: fazem-se vinhos que não se vendem facilmente (as excepções confirmam isto mesmo), não se faz promoção porque há pouco orçamento para marketing (porque destes vinhos não vêm ganhos…) e não há um trabalho junto da hotelaria que ajude a associar os rosés com os pratos mais vulgares de verão, das saladas aos peixes. Estaremos condenados a não acompanhar a tendência mundial que tem feito explodir o negócio dos rosés? Não faz muito sentido.

Sugestões da semana:
(Os preços estão identificados com o local de compra)

Zulmira branco 2017
Região: Vinho Verde
Produtor: Qta. de São Bento da Batalha
Castas: Loureiro (60%) e Arinto
Enologia: António Sousa
PVP: €9,90 (preço do produtor)
A vinha de 3 ha situa-se em Santo Tirso. O nome evoca a mãe da actual proprietária.
Dica: muito fresco e com toda a energia ácida que é suposto ter. No melhor momento a partir de agora para peixe e marisco pouco cozinhados.

Pomares branco 2018
Região: Douro
Produtor: Qta. Nova Nossa Senhora do Carmo
Castas: Viosinho, Gouveio e Rabigato
Enologia: Jorge Alves
PVP: €6,99 (Corte Inglés)
A quinta situa-se na margem norte entre Régua e Pinhão. O nome inspirou-se nos pomares existentes na quinta.
Dica: aroma com fruta citrina e de recorte tropical, com acidez viva a dar alegria ao conjunto.

Casa da Passarella A Descoberta rosé 2018
Região: Dão
Produtor: O Abrigo da Passarela
Castas: Touriga Nacional e Tinta Roriz
Enologia: Paulo Nunes
PVP: €5,90 (Garrafeira Empor)
Ligeiro na cor (tenência actual), bem floral e de bom impacto olfactivo.
Dica: fresco, suave e capaz de grande presença com petiscos estivais. Bem fresco, claro.

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