Vamos feirar?

Esta é por excelência a época dos eventos vínicos

Tal como anunciámos na crónica anterior, o Outono é a época de reposição de stocks e boa para conhecer as novidades que grande parte dos produtores reserva para esta quadra. É por essa razão que, a seguir às feiras das grandes superfícies vêm os eventos, de variados tipos mas sempre com objectivo de mostrar novidades. No fim-de-semana passado foi no Campo Pequeno, uma feira que já se realiza há alguns anos, sempre focada em produtores de pequena/média dimensão e muitos “sabores”, uma área em que os portugueses dão cartas, andando sempre à procura do salpicão ou do paio que mais lhes vai ao palato. Já este fim-de-semana decorre na FIL o evento Grandes Escolhas Vinhos & Sabores onde costumam acorrer muitos milhares de apreciadores. Começou ontem e irá durar até 2ª feira mas nesse dia é só para profissionais, sobretudo de hotelaria que ali podem encontrar distribuidores, novos produtores e terem também alguns eventos específicos. Este sábado e domingo será das 15 às 22 horas. Uma das grandes atracções destes eventos são as provas especiais que costumam ser muito concorridas porque é a grande oportunidade de provar néctares raros, desde vinhos de várias regiões até grandes generosos, não raramente de colheitas muito antigas. Cada vez mais é frequente vermos uma maior interacção entre produtores de vinho e chefes de cozinha, um diálogo em que todos temos uma palavra a dizer, mesmo nem sempre sabendo bem do que falamos. Aqui vão-se encontrar chefes e sommeliers para encontrar a melhor ligação e o júri é o público que, após a prova, irá decidir qual a ligação mais bem conseguida, o melhor prato, o melhor vinho e o melhor showcooking. Grande oportunidade para sermos nós a fazer a escolha mais certa. Até por comparação com edições anteriores, é garantido que a street food também vai marcar presença e muitas empresas de acessórios também não faltam. Provavelmente o leitor acha que já tem os copos que melhor servem para os seus vinhos, já tem os saca-rolhas mais competentes e que aquele decanter que comprou na “loja dos 300” já serve perfeitamente mas é melhor pensar duas vezes: um grande vinho perde quase tudo se servido num mau copo, um bom espumante só o é se for servido em copos de qualidade e quanto a adequação de copos à função teríamos aqui pano para mangas: há muito mais mundo nestes temas do que imaginamos e quanto a preços há para todos as bolsas. Uma coisa é segura: muito consumidores (onde alegremente me incluo…) recusam-se a beber bons vinhos em copos impróprios. Escusado será dizer que a oferta, tão ampla e diversificada, também pode ser deprimente, já que nos faz apetecer deitar fora e renovar a baixela lá de casa. Nada de desesperos, para já vamos ver e apreciar e os negócios vêm a seguir. E os eventos vão entrar por Novembro que o Natal está à porta e já se começa a falar de prendas, de ceias, de cabazes, de almoços e jantares de amigos. Uma lufa-lufa que já não dispensamos anualmente. Essa é que é essa.

Sugestões da semana:
(Os preços foram fornecidos pelos produtores)

Aluzé branco 2017
Região: Douro
Produtor: Quinta do Pessegueiro
Castas: Rabigato, Gouveio, Folgazão
Enologia: João Nicolau de Almeida (filho)
PVP: €9,90
Fermentação espontânea, leveduras indígenas. Apresenta 14% de álcool.
Dica: um branco maduro, de grande presença de fruta, intenso e final longo.

Gricha tinto 2016
Região: Douro
Produtor: Churchill Graham
Castas: misturadas nas vinhas
Enologia: Ricardo Nunes/Johny Graham
PVP: €30
Um novo tinto, de inspiração borgonhesa, vinha de encosta virada a norte.
Dica: aqui manda a elegância, a classe que o Douro também é capaz de transmitir. Prove-se com atenção.

Quinta das Tecedeiras Reserva tinto 2016
Região: Douro
Produtor: Quinta das Tecedeiras
Castas: seis castas, incluindo as menos faladas Tinto Cão e Tinta Amarela
Enologia: Rui Cunha
PVP: €22,90
A chegar ao mercado, onde o 15 ainda pode também ser encontrado.
Dica: tinto robusto, com fruta negra madura, taninos firmes. Um outro Douro, também com classe.