Já é possível algum balanço da vindima de 24 À hora desta crónica “vir a…
Atenção às festas
Com o Verão a chegar (finalmente…) começam também as festas populares um pouco por todo o país. Há festas temáticas mas há também outras generalistas que, sobretudo no norte do país, reúnem emigrantes com patrícios, num convívio sempre muito regado e quase sempre pouco regrado. Nestas pequenas festas de aldeia surge inevitavelmente em confronto o vinho “da terra” com os “de fora” mas não é esse o tema que aqui me interessa. Com frequência em cidades mais pequenas as autarquias promovem festividades em que o vinho surge, naturalmente, como convidado, como elemento que agrega e une. É por aqui também que o passante que se interessa pelo tema vínico pode tirar algum partido das festas. Muitas vezes os produtores locais são chamados a participar e é normal encontrarem-se postos de venda de vinhos que, de outra forma, serão praticamente “invisíveis” nos mercados tradicionais. Um pequeno produtor que gostaria de ter marca divulgada no mercado luta com terríveis dificuldades porque é complicado ter distribuidor, porque o preço a que vende não se compadece com as políticas de esmagamento de preços que são habituais nas grandes superfícies, porque os distribuidores estão com a carteira de produtores de todas as zonas preenchida e porque as garrafeiras já esgotaram a capacidade de ter mais marcas. Alguns donos de garrafeiras com quem falei dizem-me que chegam a receber semanalmente mais de meia dúzia de amostras que lá foram deixadas por produtores, na tentativa de conseguir terem ali o seu vinho à venda. O resultado já se imagina: portas fechadas, marcas não reconhecidas pelo consumidor, tudo a desfavor do pequeno produtor que não consegue forma de escoar o produto. É aqui que a pequena festa de aldeia ou pequena cidade pode ter toda a importância, tal como pude já verificar nas festas de Monção e Melgaço, por exemplo. Ali vende-se vinho, muito vinho, ali consome-se quase toda a produção de espumante daquela sub-região dos Vinhos Verdes, ali é, assim, possível para o apreciador, não só provar e conhecer os produtores como adquirir, a preço conveniente, vinhos brancos, espumantes, aguardentes, etc. Este problema de dimensão não é, como se imagina, exclusivamente português e mesmo países que são grandes produtores, como a França, fazem destas festividades locais grandes momentos de divulgação dos pequenos produtores que estão sistematicamente arredados dos grandes palcos. O vinho é um negócio de dimensão mas mesmo os que não a têm podem chegar ao consumidor que aprecia as especialidades, os vinhos que nos sabem ainda melhor porque conhecemos o produtor, porque nos fez sentir de algum modo a originalidade dos vinhos que nos está a propor. E nós, que é disso mesmo que gostamos, ficamos mais aptos a surpreender os nossos amigos com marcas que nunca ouviram falar e qualidades/regiões/castas que tinham por menores. É também assim que se combatem os preconceitos.
Sugestões da semana:
(Os preços foram fornecidos pelos produtores)
Quinta de Chocapalha branco 2017
Região: Reg. Lisboa
Produtor: Casa Agríc. das Mimosas
Castas: Arinto, Viosinho e Verdelho
Enologia: Sandra Tavares da Silva
PVP: €7,50
Castas portuguesas a mostrarem o melhor que a zona (Merceana) pode dar. Belo resultado com um branco muito harmonioso.
Dica: peixe pouco cozinhado e marisco são os parceiros naturais. E vai ser uma surpresa.
Quinta da Vegia Superior tinto 2013
Região: Dão
Produtor: Casa de Cello
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz
Enologia: Anselmo Mendes
PVP: €50
O vinho estagia em cuba e barrica, permitindo assim uma melhor percepção da fruta.
Dica: intensamente gastronómico, muito afinado e a sugerir ser parceiro de pratos de carne grelhada mal passada. Um Dão requintado e fino.
Porto Dona Antónia 10 anos
Região: Douro
Produtor: Casa Ferreira
Castas: várias
Enologia: equipa dirigida por Luís Sottomayor
PVP: €15
Nova roupagem e novo nome (antes chamava-se Quinta do Porto) para o tawny 10 anos, um Porto de lote com vinhos cuja média de idade é de cerca de 10 anos.
Dica: polivalente para qualquer momento mas requer temperatura certa, na casa dos 10/12º para ser melhor apreciado. Não requer decantação e durará vários meses após abertura.
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