E está a fazer grandes vinhos… Estamos a falar de três enólogos do Douro, gente…
Extremismos na ordem do dia
Os do clima é que se dispensavam…
É verdade. Com os outros vamo-nos aguentando mas com os radicalismos climáticos é mais difícil encontrar formas de combate. Quando esta crónica for publicada terá passado semana e meia desde a tempestade de granizo que assolou o vale do rio Pinhão, deixando nas vinhas uma paisagem desoladora. Sabe-se que o granizo é um fenómeno que ocorre muito localizadamente, sendo possível que dois vinhedos situados lado a lado tenham resultados diferentes, um sem efeitos negativos e outro com a “vindima feita”, termo usado pelos lavradores para caracterizar a parca colheita que obterão das cepas afectadas. É nesta época que se dá a floração dos cachos e sabe-se que as condições ideais para que ela se processe sem sobressaltos é exactamente com tempo seco. Pois foi exactamente o contrário que aconteceu no Douro e isso, como nos foi confirmado, levou a que algumas propriedades tenham perdido 80% da produção este ano. Ao lado do granizo, a chuva intensa e torrencial destrói muros e leva tudo à frente, sem olhar a quem. A actividade agrícola é um permanente risco a céu aberto mas o que é mais significativo é que estes fenómenos climáticos extremos perderam o seu carácter ocasional e tornaram-se anuais. É verdade que há regiões mais atreitas a eles, tal como a geada que também é frequente em determinadas zonas e quase ausente noutras, e neste momento haverá muitos produtores a sentirem-se bafejados pela sorte por terem escapado, no verdadeiro sentido da frase “entre os pingos da chuva”. Este, tal como outros fenómenos atmosféricos, coloca os produtores numa situação de grande incerteza. Diz-me um produtor que, para o granizo, a solução possível é a protecção da vinha com rede, o que impediria o dito granizo de destruir cachos e folhas. Como se imagina tal será possível numa área relativamente pequena mas em vinhedos muito grandes (e porque o dito granizo não avisa onde vai fazer estragos) é completamente inviável a rede como solução. Tendo já passado o período mais crítico das geadas (fins de Abril, princípios de Maio), arrumado (esperemos) o tema granizo, ainda falta muito, mas mesmo muito, para se chegar à vindima e imensos acidentes climáticos ainda podem ocorrer. A tal frase feita do “não há duas vindimas iguais” é completamente verdade. Ainda há imenso tempo para o míldio, para a podridão, para o escaldão, para a chuva na vindima, um sem-fim de fenómenos que condicionam, ano após ano, a qualidade da colheita. E para contrariar muitos destes fenómenos não há outra solução que não seja a aplicação de tratamentos. Embora uns quantos tolos (lá fora e apaniguados cá dentro) continuem a “achar” que as alterações climáticas são uma invenção, a verdade é que o clima está a radicalizar-se. E, se ele fosse simpático, poderia fazer mossa unicamente aos que não acreditam nas ditas alterações. É que os outros já têm suficiente com que se enervar…
Sugestões da semana:
(Os preços foram fornecidos pelos produtores)
Espumante Quinta d’Aguieira branco 2013
Região: Bairrada
Produtor: Aveleda
Castas: Chardonnay e Maria Gomes
Enologia: Manuel Soares
PVP: €6,99
Mostra bom equilíbrio aromático, com fruta viva e um estilo fresco e bem atractivo, com acidez muito viva.
Dica: ligará bem quer com peixe grelhado quer com marisco cozido.
Pomares tinto 2016
Região: Douro
Produtor: Qta. Nova Nossa Senhora do Carmo
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz
Enologia: Sónia Pereira/Jorge Alves
PVP: €6,99
A quinta localiza-se entre a Régua e o Pinhão. O portefólio é bem alargado e também inclui vinho do Porto.
Dica: um tinto muito convidativo, cheio de juventude, de fruta e aromas florais. Um prazer desde já.
Vila Flor Reserva tinto 2015
Região: Douro
Produtor: Casa d’Arrochella
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz
Enologia: Luís Soares Duarte
PVP: €6,69
Vinhas no Douro Superior. Tem 9 meses de estágio em barrica.
Dica: um tinto gordo, macio e de fácil prova. A beber já. Não requer guarda.
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