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Tirar partido do bom vinho

Sem segredos mas também sem erros

Gostamos de vinho e queremos servir o vinho nas melhores condições aos amigos. Sobre o assunto estamos conversados. Mas quando chega a hora da verdade, nem sempre é fácil ou imediato entender tudo o que a garrafa nos informa e é preciso distinguir o que é importante do que é acessório. Do vinho queremos que nos proporcione prazer e seja catalisador do convívio com amigos. E, assim, quanto mais informados estivermos, melhor. Mas antes de abrirmos a garrafa, só uma ou duas ideias sobre o que nos indica o rótulo e que aspectos são os mais importantes. Naturalmente a região é o que mais depressa nos faz decidir e aqui não há regras, todos têm o direito a gostar mais de uma região do que outra. Passado este ponto, o nome do produtor pesa sempre na decisão. O sonho de qualquer produtor é que o consumidor possa escolher um dos seus vinhos, não porque é da casta A ou B mas porque é do produtor X, mesmo que não conheça a marca. Criar laços de confiança com o consumidor exige ao produtor muita qualidade no produto, muita seriedade e profissionalismo e muita inovação, sempre sem perder o brilho da originalidade, tudo coisas nem sempre fáceis. Quanto à inutilidade dos designativos de qualidade já falámos em anterior crónica, não merece ser assunto de novo. O rótulo indica também com frequência a casta ou castas com que o vinho foi feito. Em boa verdade é bom saber que não é por ser varietal que um vinho é melhor e a tradição portuguesa é sobretudo de vinhos de lote. Os vinhos varietais nasceram como uma moda nos anos 90 mas trouxeram-nos muitas alegrias: ficámos a conhecer isoladamente castas que apenas sabíamos que existiam mas não imaginávamos ao que sabiam ou que aroma tinham. Esta moda, hoje em velocidade de cruzeiro, acabou por seleccionar aquelas que provaram ser as melhores para se apresentarem a solo. Por isso agora se discute e qualidade aromática desta Touriga Nacional se comparada com outra, ou as virtudes do Alvarinho desta região ou daquela. Vale assim a pena experimentar, conhecer e descobrir e isso é sempre um prazer, trocando também ideias com os outros consumidores. O rótulo, ou muitas vezes o contra-rótulo, dão-nos as explicações. Ainda uma questão: depois de aberta, quanto tempo é expectável que o vinho dure? Uma regra básica nos deve guiar: quanto mais velho for o vinho menos tempo durará o resto no fundo da garrafa. E quanto ao local da guarda deverá ser sempre o frigorífico para todos os vinhos, independentemente do tipo ou da estação do ano. Se for um tinto, basta retirá-lo do frigorífico com algum tempo de antecedência. Por regra (e experiência própria), um branco e um tinto novos podem ir sendo consumidos durante uma semana. Já os espumantes só resistem se adquirir uma rolha própria para o efeito (à venda nas garrafeiras) e assim pode beber o seu vinho das bolhinhas em dois momentos diferentes. Voltaremos a este tema em próxima crónica.

Sugestões da semana:
(Os preços foram fornecidos pelos produtores)

Meruge tinto 2014
Região: Douro
Produtor: Lavradores de Feitoria
Enologia: Paulo Ruão
Casta: Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional
PVP: €18
Desde a primeira edição que tem um estilo borgonhês, aberto de cor, muito macio e elegante. Um sucesso tremendo em qualquer mesa.
Dica: como todo o conjunto é delicado, convém ser ligado a pratos mais leves e ligeiramente mais fresco do que os outros tintos.

Duas Quintas branco 2017
Região: Douro
Produtor: Ramos Pinto
Enologia: Teresa Ameztoy
Castas: lote de várias castas do Douro Superior e Cima Corgo
PVP: €10
Este é um clássico do Douro, nascido nos inícios dos anos 90. Junta vinhos das quintas da Ervamoira e Bom Retiro.
Dica: muito gastronómico, um companheirão em momentos de dúvida.

Regateiro Vinha d’Anita tinto 2015
Região: Bairrada
Produtor: Lusovini
Enologia: Sónia Martins/Casimiro Gomes
Casta: Baga
PVP: €17
Homenagem à mãe de C. Gomes que gosta de vinhos abertos de cor e macios.
Dica: um Bairrada bem curioso, muito elegante e muito gastronómico. Justifica prova atenta.

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