Pequenos mas só no tamanho

E bem práticos na hora de servir.

Os vinhos generosos são normalmente vendidos em garrafas de 0,75 l. Estamos a pensar em moscatéis, Madeira e Porto, servidos como vinhos de sobremesa. É verdade que o Porto branco e rosé é servido como aperitivo, é verdade que o moscatel, sobretudo o de Favaios (Douro) é também um vinho de início de refeição mas, na generalidade dos casos, estes são vinhos de final de festa. No caso específico dos Porto L.B.V. e vintage o seu consumo exige cuidados mínimos: se é verdade que o L.B.V. pode ser consumido ao longo de um mês, o vintage exige um consumo num período muito curto de tempo. Este é um contratempo e este facto leva a que muitos consumidores acabem por não abrir uma garrafa de vintage porque o número de convivas é pequeno e depois o vinho acabará por perder qualidades se não for consumido todo de seguida. É aqui que a questão das meias garrafas ganha toda a importância. Muitas empresas de vinho do Porto e Madeira estão a engarrafar os melhores vinhos em meias garrafas. Falemos claro: uma meia garrafa é perfeita para três pessoas, sem carregar muito no consumo e desta forma é viável consumir vintage com mais frequência e o Madeira, por ser menos consumido, corre menos riscos de ficar eternamente na garrafa após um pequeno consumo. A ideia que se deve reter é que, neste caso, o formato pequeno não é indicador de menor qualidade. No entanto devemos ter duas regras sempre presentes, uma delas dizendo respeito ao Porto vintage: quanto menor é o formato mais rápida é a evolução do vinho que está no interior e por isso não é aconselhável guardas muito prolongadas. Por outro lado, os cuidados com o serviço mantêm-se, exigindo decantação prévia. A decantação também é aconselhável nos moscatéis, sobretudo de Setúbal, quando as garrafas já têm muitos anos. Com frequência ao olharmos para uma garrafa destas ficamos com a sensação que o vinho está turvo mas em geral trata-se de uma pequena e fina camada de depósito que se “cola” às paredes da garrafa, no entanto após decantação e passagem da garrafa por água (agitando bem) pode mesmo voltar a colocar o vinho na garrafa original. Nada de muito complicado. As boas práticas aconselham também que as garrafas de Porto vintage sejam conservadas deitadas mas as de Madeira e Moscatel devem ser conservadas ao alto, uma vez que se trata de vinhos que já oxidarem em casco. Por esta razão o vintage deverá ser retirado da garrafeira com alguma antecedência para que o depósito fique no fundo da garrafa. Descomplicar e favorecer o consumo dos grandes vinhos generosos que temos em Portugal é o objectivo mas para isso as empresas têm de promover mais as meias garrafas e, principalmente, não as porem com preços acima dos 50% que deveriam ter em relação à garrafa normal. Dizem-nos que é por isso que se vende pouco Porto em meias garrafas. Há aqui alguma coisa que está mal…

Sugestões da semana:
(Os preços, meramente indicativos, foram fornecidos pelos produtores)

Cossart Gordon Bual 1987
Região: Madeira
Produtor: Cossart Gordon
Enologia: Francisco Albuquerque
Casta: Bual
PVP: €97 (1/2 garrafa)
Este Madeira é uma verdadeira relíquia que está agora a começar a ser comercializado (também em garrafa normal).
Dica: beba ligeiramente refrescado e não se preocupe: ele acompanha-se a si próprio.

Porto Quinta dos Malvedos Vintage 2004
Região: Douro
Produtor: Symington Family Estates
Enologia: Equipa dirigida por Charles Symington
Castas: várias
PVP: €17,50 (1/2 garrafa, também em lojas francas)
Vinho proveniente da quinta do mesmo nome, agora a chegar ao seu melhor momento.
Dica: já requer decantação. Excelente em final de refeição com queijo azul.

Porto Fonseca Guimaraens Vintage 2013
Região: Douro
Produtor: Fonseca Guimaraens
Enologia: equipa dirigida por David Guimaraens
Casta: várias
PVP: €35 (1/2 garrafa)
Ainda muito jovem e cheio de potência, um vintage aconselhável aos que o apreciam novo e vigoroso.
Dica: queijos secos ou chocolate negro são os seus bons companheiros.